REUNIÃO DO MÊS DE JUNHO 2022
ABELHA IBÉRICA SIM, VESPA ASIÁTICA NÃO E ONDE ESTÁ A GENÉTICA AFRICANIZADA QUE ESTAVA AQUI?

A importância da preservação das subespécies e híbridos

Fabiano Guedes Rodrigues da Silva; (Resgate de Enxames das Regiões da Grande São Paulo; Orientadora Professora Dra Lídia M. R. C. Barreto; Referência Revista Mensagem Doce, APACAME número 135, ano 2015).

Em 2018, após os grandes incêndios que ocorreram no Verão de 2017, iniciou em Portugal um grande trabalho em conjunto entre apicultores e os órgãos do governo que estão ligados a apicultura. Repovoamento com reposição de colmeias e combate a enxames invasores de vespas asiáticas. Esses dois problemas causaram uma grande queda no número de colmeias no País e na produção (Programa Nacional Apícola de Portugal 2020 a 2022).

Os apicultores Portugueses estão dando preferência ao híbrido natural da Península Ibérica, Apis mellífica iberiensis, subespécie econômica e já adaptada ao clima e vegetação. Subespécie que foi protegida do frio pela barreira natural Cordilheira dos Pirineus na última Era do Gelo. A temperatura média global chegou a 7,8 graus célsius. Após milhares de anos do desgelo o repovoamento das abelhas na Europa chegou até quase 24 subespécies. Hoje divididas em quatro grupos A, M, C e O. Uma Pesquisa de título Diversidade Genética de Apis Melífera Iberiensis na região norte de Portugal, realizada de fevereiro a julho no ano de 2010 nas cidades de Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real mostra que se encontrou no Norte de Portugal maior diversidade genética e grande variabilidade genética, mas que mesmo assim predomina-se o gene A na subespécie Apis iberiensis (Instituto Politécnico de Bragança).

Dos Híbridos criados pelo homem, temos três EU doméstica, US doméstica e Africanizada no Brasil. O gene das abelhas Apis foi codificado em 2006 no Consórcio internacional nos EUA e o gene das Apis Africanizadas em 2016 através de uma bolsa de estudos oferecida por Brock A. Harpur & Amro Zayed no Departamento de Biologia da York University em Toronto, Ontario – Canadá pelo Pós Doutorando Samir M Kadri e Coordenador e Orientador da UNESP de Botucatu Ricardo Orsi. O Pesquisador usou 12 abelhas operárias de cada um dos 15 enxames com maior comportamento defensivo e 12 de cada um dos 15 enxames com menor comportamento defensivo.

Analisando o genoma de 30 colônias de abelhas africanizadas de quatro apiários na cidade de Iaras, São Paulo – Brasil que fica a aproximadamente 200 km da cidade de Rio Claro onde iniciou o cruzamento resultando em Africanizadas em 1956. O estudo mostrou que o gene africano tem maior frequência na Apis mellífica africanizada do que nas outras subespécies da Europa C e M (Artigo número 160097, Nature.com, 08 de novembro de 2016).

Siglas e Acrónimos de alguns órgãos que ligados a Apicultura de Portugal – (Programa Nacional Apícola 2020 – 2022)

1 CNA – Confederação Nacional de Agricultura ligada a FNAP – Federação Nacional de Apicultores de Portugal;

2 CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal. Ligada a FENAPICOLA – Federação Nacional das Cooperativas Apícolas e de Produtores de Mel;

3 GGAV – Direção Geral de Agricultura e Veterinária;

4 CNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP,

5 INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, IP.

No calendário de floração espécies de plantas melíferas de Portugal, durante a reunião da APACAME no dia 01 de junho de 2022 surgiu a dúvida se o eucalipto floresce e ajuda na produção: Não como gostaríamos, mas ajuda com pouco fornecimento de alimento no inverno em uma época de pouco estoque na colmeia e quase nenhuma opção no campo. Assim como a Astrapéia (Dombéia) planta introduzida no Brasil que ajuda no inverno nas regiões Sudeste e Sul. Mostramos o mapa das floras predominantes por Região em Portugal e mapa com méis de denominação de origem protegida (Fonte FNAP).

Em maio de 2021, a Nestlé e o Governo Português entregam 400 núcleos com enxames de abelhas a Apicultores cadastrados e selecionados pela FNAP e FENAPICOLA. Atualmente, até junho de 2022 somam 700 enxames entregues.

Nas Regiões Central e Norte do país são onde se concentram os maiores números de Apicultores, sendo que Alentejo e Algarve vem em seguida (Fonte: Programa Nacional Apícola 2020 -2022).

Doenças e pragas ameaçam a existência da Apis mellífica Iberiensis assim como apicultores de outros países também sofrem. Nesse trabalho demos ênfase maior para Vespa Asiática que vem causando seríssimos problemas não só a agricultores produtores de frutas de cascas finas e flores como também muito mais aos apicultores. As vespas asiáticas se alimentam das abelhas podendo matar um enxame de 80 mil abelhas em três horas. Apresentamos na reunião da APACAME técnicas utilizadas por apicultores portugueses e órgãos de apoio na eliminação de ninhos de vespas invasoras na tentativa de controlar, minimizar e ou zerar a disseminação. Com a ajuda da Dra Teresa Portas do ICNF recebemos dados atualizados sobre o problema em Portugal e Espanha. Imagens com os locais de preferência de nidificação das vespas, altura e ciclo do desenvolvimento. Inclusive, os países europeus com o problema de invasão da Vespa Velutina estão abertos a receber ideias e ou modelos de combate a disseminação dos enxames. (ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP.).

O Apicultor Fernando Afonso nos apresentou em detalhes num vídeo a técnica chamada CAVALO DE TRÓIA, no combate a vespa asiática. O Cavalo de Tróia é eficiente, mas arriscado devido a possível contaminação de solo e água. Na sua região o mesmo e os vizinhos conseguem realizar bem o controle da praga com armadilhas espalhadas com atrativos nas propriedades. Um apicultor iniciante na cidade de Espite que havia ganhado uma colmeia em fase de produção teve seu enxame totalmente atacado em uma semana pois, era uma região onde não faziam o controle (Fernando Afonso – 2021).

Para ajudar ainda mais no controle, o ICNF criou uma Plataforma de nome Stop Vespa <https://stopvespa.icnf.pt/geovisualizador/> onde qualquer pessoa que identificar um enxame pode recorrer solicitando o extermínio. Nessa plataforma ficam registrados todos os dados dos casos identificados e atendidos ou não.

O Técnico Agrícola, Pedro Chambel Cruz, de Lisboa – Portugal, enriqueceu nossa apresentação para reunião da APACAME com grande participação nas informações sobre a importância da conservação da subespécie Apis Ibérica para Portugal. Também com informações atualizadas das novas placas espalhadas e instaladas em parques urbanos do país informando sobre a importância dos polinizadores e como identificar ninhos de vespas. Nessas placas existem tambéminformações e avisos para os cidadãos de como proceder em casos de identificação de ninhos de vespas e da plataforma Stop Vespa (Pedro Chambel Cruz, Parque Urbano de Mira Flores, 2022).

De acordo com noticiário do Jornal Estadão de São Paulo, não foram identificados casos de vespas asiáticas no Brasil, ao contrário dos boatos nas redes sociais sobre o inseto. Não há registros dessa espécie em território brasileiro e não sabemos qual seria a intensidade do problema se elas chegassem no Brasil. Outros boatos sobre a vespa assassina têm viralizado. Como as abelhas, elas só se defendem se ameaçadas (Material Jornalístico produzido pelo Estadão).

E a pergunta: Onde está a genética africanizada que estava aqui?

Essa pergunta, ainda sem resposta, vem para nos alertar para a importância da conservação do híbrido Apis mellífica africanizada que se identificou bem com a vegetação e clima do Brasil, tornando assim uma abelha rústica a pragas e doenças e produtiva. Muitos apicultores vêm percebendo a mansidão das abelhas em algumas regiões do Brasil. Já não estão mais tão defensivas como antes. A pesar de alguns gráficos do Trabalho de pesquisa mostrar o aumento de incidência de enxames nas áreas rurais e urbanas como já era previsto, esses enxames vêm ficando mais mansos no decorrer dos anos, o que não era esperado. Podemos levar várias hipóteses em consideração, mas, é preciso comprovar cientificamente.

Agradeço a todos que ajudaram e participaram direta ou indiretamente na elaboração da apresentação dessa reunião.