Mundo das Abelhas

Abelhas a serviço da agricultura

As abelhas é o que chamamos de “insetos sociais”. Isto ocorre porque as abelhas conseguiram atingir certo graú de desenvolvimento social, agrupando-se em comunidades nas quais existe nítida distribuição de trabalhos e responsabilidade entre os indivíduos que a compõe, todos contribuindo para um fim comum: a sobrevivência do grupo.

Enxame

Dá-se o nome de “enxame” a uma família de abelhas, onde encontramos uma sociedade muito organizada, com cada indivíduo desempenhando uma atividade definida.
O termo família lhe é aplicado em virtude de algumas semelhanças no que concerne à sua constituição, estrutura social e comportamento.
A distribuição e responsabilidade de atividades no enxame é consequencia da natureza e idade dos indivíduos que compõem o enxame. Portanto, em um enxame encontraremos: a rainha, as operárias, e os zangões.

A rainha

A abelha rainha de uma colméia é facilmente identificada, por ser ela visivelmente mais longa do que as operárias e mais comprida que os zangões.
Seus movimentos são lentos e solenes, sempre circundada por uma corte de operárias que a servem, alimentando-a com geléia real.
Cada família de abelhas possui uma única rainha, que nasce de um ovo fertilizado e de uma célula com formato especial.
É perseguida e fecundada por vários zangões em dias ensolarados, quando do seu vôo nupcial, que se realiza alguns dias após seu nascimento.
Sendo a única abelha fêmea fecundada, põe todos os ovos necessários à continuidade da família, mantendo a organização e a coesão do enxame.
Uma abelha rainha põe dois tipos de ovos: fertilizados (operárias) e não fertilizados (zangões). Quando a sua fertilidade declina, o que ocorre após 3 ou 4 anos, as abelhas operárias providenciam a sua substituição, repetindo-se o processo.

As operárias

A abelha operária são abelhas fêmeas não fecundadas e as de menor porte da família, embora constituem o maior número de população, podendo situar-se entre 50 a 80 mil por enxame.
As operárias possuem cesta de pólen, vesícula melífera, glândulas cerígenas, glândulas odoríferas, glândulas de veneno, ferrão, etc.
São responsáveis por todo o trabalho da colméia, obedecendo a uma rígida distribuição de serviços de acordo com as sucessivas transformações que se operam em seu organismo no decorrer do seu tempo de vida.
Assim, são responsáveis pela construção, limpeza, alimentação da rainha, cuidados com os ovos e crias, coleta de pólen e néctar, água, defesa da colméia, ventilação, produção de mel, geléia real, e própolis.
Seu tempo de vida varia de acordo com o clima e atividade da colméia, prolongando-se de 28 a 50 dias.

Os zangões

O zangões são abelhas machos, sendo mais largos e fortes que qualquer abelha.
Não possuem ferrão, não coletam pólen ou néctar, não produzem cera, não possuim glândulas odoríferas.
A única função do zangão é fecundar a rainha (princesa virgem), vindo morrer após o ato.
Sua quantidade por enxame é de algumas centenas, variando em função da quantidade de alimento disponível e se é época de acasalamento ou não.

Abelhas Nativas

O Brasil possui dezenas de espécies de abelhas nativas (ou indígenas) que exercem importante papel na fecundação de inúmeras espécies vegetais originais de nossa flora. Citamos alguns nomes como Jatai, Irapuã, Mombuca, Moçabranca, Mandaçaia, Uruçu, Jandira, Mirim ou Mosquito. Devido a grande extensão do território nacional, os nomes populares dados a essas abelhas variam de região para região, havendo certa confusão, podendo um mesmo nome designar abelhas diferentes. Outras vezes a mesma abelha é conhecida por nomes diferentes, conforme o lugar.
As abelhas nativas são geralmente pequenas, menores do que a abelha do gênero Apis, e estão agrupadas em dois gêneros principais: Meliponas e Trigonas. Diferem da abelha Apis também em outros aspectos referentes ao seu comportamento e maneira de construir seus ninhos. Devemos lembrar aqui que a abelha mais conhecida nossa, a Apis Mellifera, a abelha do mel, não é originária das Américas, tendo sido aqui introduzida pelos colonizadores europeus.
As abelhas nativas recolhem o néctar e pólen, mas armazenam o mel em quantidades pequenas e não chegam na maioria dos casos, a despertar interesse a sua exploração para fins comerciais. Entretanto, para estudos ou por lazer, elas são criadas por particulares ou por institutos de pesquisas.
Essas abelhas estabelecem as suas colonias no oco de árvores ou em galerias cavadas no solo e utilizam misturas de cera, própolis e barro como material de construção. Algumas espécies constroem ninhos em forma de túnel, revestindo as paredes com folhas ou pétalas, formando um compartimento cilíndrico no interior do qual depositam o mel e pólen que servirá de alimento para as suas larvas, desde a postura do ovo até o nascimento do inseto.
Umas poucas espécies aceitam viver em colméias artificiais, que devem ser habilidosamente construidas reproduzindo as condições naturais a que o inseto esta adaptado.
Proteger as abelhas nativas também faz parte da cartilha do apicultor !

Abelhas Africanas

Em 1956, o Dr. Warwick Estevan Kerr trouxe da África e introduziu em Piracicaba, 51 rainhas de Apis mellifera adansoni e Apis mellifera capensis. Para Rio Claro, foram transferidas 27 matrizes de rainhas africanas das quais 26 enxamearam, fugindo ao controle dos técnicos. A partir daí as abelhas africanas foram se cruzando com as européias já existentes e se espalharam rapidamente pelo Brasil e América do Sul, estando já na América Central, e América do Norte. As africanas, na data atual já chegaram àquele país e só não chegaram ao Canadá por conta do frio intenso naquela região setentrional do continente. Espalharam-se por todo o sul e oeste dos EUA, passando pelos estados da Califórnia, Oregon, Novo México, Texas, chegando até Miami, se já não foram mais longe.

Apis Mellifera

A abelha do mel acha-se espalhada pela Europa, Ásia e África.
A sua introdução no Brasil é atribuida aos jesuítas que estabeleceram suas missões no século XVIII, nos territórios que hoje fazem fronteira entre o Brasil e o Uruguai, no noroeste do Rio Grande do Sul. Essas abelhas provavelmente se espalharam pelas matas quando os jesuítas foram expulsos da região e delas não se teve mais notícias.
Em 1839, o padre Antonio Carneiro Aureliano mandou vir colméias de Portugal e instalou-as no Rio de Janeiro. Em 1841 já haviam mais de 200 colméias, instaladas na Quinta Imperial. Em 1845, colonizadores alemães trouxeram abelhas da Alemanha (Nigra, Apis mellifera melífera) e iniciaram a apicultura nos Estados do sul. Entre 1870 e 1880, Frederico Hanemann trouxe abelhas italianas (Apis mellifera lingústica) para o Rio Grande do Sul. Em 1895, o padre Amaro Van Emelen trouxe abelhas da Itália para Pernambuco. Em 1906, Emílio Schenk também importou abelhas italianas, porém vindas da Alemanha.
Por certo, além destas, muitas outras abelhas foram trazidas por imigrantes e viajantes procedentes do Velho Mundo, mas não houve registro desses fatos. Iniciava-se assim a apicultura brasileira. Durante mais de um século ela foi se desenvolvendo, principalmente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Também em São Paulo e Rio de Janeiro havia uma atividade bem desenvolvida.

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