Capítulo 1 do Livro Meliponicultura para iniciantes – Dra. Genna Sousa
Breve história primitiva da Meliponicultura
João Pedro Cappas e Sousa – Genna Sousa
Em suas migrações, o homem primitivo da Idade da Pedrapassou do Velho Mundo para o Novo Mundo pelo Estreito de Bering. Estes derivam de grupos asiáticos que se deslocaram para o Norte. Essas tribos não conheciam as abelhas sem ferrão e durante a viagem pela América do Norte em direção ao Sul, também não tiveram contato com os Meliponíneos. Viviam da caça e pesca e recolhiam também bagas e tudo o que era comestível.
O primeiro contato com as abelhas sem ferrão começou na América Central. Ao observar outros animais a comerem o mel e sua cria, aprenderam a fazer o mesmo. Assim começaram a incluir estes novos recursos na sua alimentação. Rapidamente, perceberam que onde havia colônias de abelhas sem ferrão havia maior diversidade e riqueza alimentar. Uma ideia que começou a incutir nos homens Primitivos foi o caráter divino desses insetos. Assim, a abelha ganhou o peso do deus da Fertilidade. Do mesmo modo, inconscientemente a abelha sem ferrão passou a ser o agente que estabiliza a Ecologia. As abelhas vivem nas florestas e, por esta razão, o reino de jaguar ( a floresta ) se uniu às abelhas , nascendo, então, a realidade de a “Abelha Jaguar” .
O jaguar vive na escuridão da floresta, ou seja no, inframundo, o reino da escuridão. Por este motivo, a rainha das abelhas sem ferrão, que vive no interior escuro da colônia ficou com nome o de Balam Cab para os Olmecas e para os Maias.
De acordo com calendário Maia, a primeira Era ou primeiro Sol que começou a cerca de 18.808 anos antes de Cristo, com os Olmecas pescadores que viviam da pesca e comiam mel das abelhas sem ferrão. Usavam resina e cerume para a confeção de artefatos de pesca entre outras coisas. Antes dessa primeira Era ou primeiro Sol, os homens usavam as abelhas e seus meliprodutos para fins alimentares e para fazer alguns artefatos.
Na segunda Era ou segundo Sol, os Olmecas, caçadores recoletores, já conhecendo as abelhas sem ferrão como fonte de alimento, começaram a observar o modo de vida das abelhas e, nessa altura, perceberam que viviam em árvores, nascendo, assim, a técnica da colmeia escondida . Abriam uma janela nos troncos para, deste modo colher o mel quando percorriam as florestas (método da janela escondida). Perceberam que, fechando o oco, as abelhas continuavam vivas e refaziam a colmeia, possibilitando-as de colherem mel e seus outros produtos com regularidade. A gestão da colmeia escondida na floresta fez com que os indígenas começassem a perceber o ciclo das abelhas ao longo do ano .
Na terceira Era ou terceiro Sol, os Olmecas pecuaristas percorriam as florestas com rebanhos de perus. Certamente, o seu caráter nômade obrigou-os a colocarem uma colônia dentro de uma vasilha de barro para comer mais tarde e perceberam que a colonia refazia sua colmeia nessa panela e, assim, nasceu a primeira colmeia de barro ( colmeia de “Ollas”) para Meliponíneos. A esta altura, começaram a transportar troncos com colonias das florestas para as pendurar nas suas casas. O começo da colmeia de troncos ocados, a que os Maias chamam de Jobones. Desse modo o homem tende a criar os animais que podem servir de comida ou animal de tração.
Na quarta Era ou quarto Sol, os Maias ou os homens do Milho, sendo agricultores, apresentam já um vasto conhecimento sobre as abelhas sem ferrão, como divindades polinizadoras das plantas domésticas e das florestas. O conhecimento de todos os sois anteriores foram então concentrados em Códices Maias, pois todos falam sobre as abelhas, na forma escrita fonética e figurativa.
No Códice Maia de Dresden, as abelhas estão na escrita fonética; no Códice de Paris, as abelhas encontram-se na forma figurativa e fonética; e no Códice de Madrid ou Trocortesiano, temos um manual prático religioso sobre a criação das abelhas sem ferrão, o primeiro livro sobre Meliponicultura.
No livro primitivo de Meliponicultura, o Códice de Madrid, escrito na Cidade de Mayapán, temos todas as técnicas Melipônicas conhecidas e atuais: substituição das rainhas; multiplicação por divisão; alimentação artificial; reforço de colônia; ciclos biológicos e comportamentos; vários tipos de colmeias; captura e transferências de colónias de um oco para uma colmeia; criação de abelhas através das comunidades das colonias das abelhas; colheita do mel; reforço da colonia com cerume e direcionamento das colmeias para aumentarem a produção de um meliproduto.
A grande sabedoria melipônica se deslocou com as migrações de povos mexicanos em direção ao Sul, onde se espalhou a todas as tribos indígenas até chegar à Argentina onde os Indígenas Chacos que criam Scapotrigonaslocais. Na Venezuela, usam colmeias feitas em cabaças atadas nos seus Meliponiários antigos, uma realidade também descrita no Códice de Madrid. As colmeias de troncos ocados se espalharam por todo o Brasil vindo do México.
O conhecimento melipônico era partilhado entre as várias tribos através de trocas comerciais e culturais, porque as tribos mais evoluídas engrandeciam e acumulavam o saber nos sacerdotes, pajés e xamãs para o bem da comunidade. Assim, temos muito conhecimento nas Tribos indígenas dos Kayapós , dos Kuykuros nos Guaranis entre outros. Desse modo, a Meliponicultura ajudou a medicina indígena (dentes, anestesia, desinfetante, cicatrizante, energético.).
A nova Era é a do homem ecológico, o que cuida e restaura a natureza para poder viver no planeta Terra. Segundo o calendário Maia, esta começa em 2012 e podemos perceber que aos poucos as pessoas começam a ver a natureza com um olhar mais conservador. Esta mudança imposta pela Natureza sobe a forma de alteração climática obriga o homem a cuidar das abelhas sem ferrão para garantir o equilíbrio que nos permite manter vivos. Para tal, o saber melipônico racional tem de se espalhar por todas as pessoas de bom coração.