Termos apícolas e sua importância
Dr. Pedro da Rosa Santos é professor de apicultura no SENAR-MS, pesquisador junto à Universidade Estadual de Maringá e criador do canal Apislogia no Youtube. Site: www.apislogia.com.br
Na apicultura existem algumas palavras que são utilizadas pelos criadores de abelhas como se tivessem o mesmo significado, como por exemplo, a utilização do termo colmeia ao invés de colônia, ou enxame no lugar de colmeia e assim por diante. Esses termos técnicos, apesar de serem entendidos e utilizados por muitos apicultores como tendo o mesmo significado, representam elementos diferentes e são de suma importância na gestão do empreendimento apícola.
A palavra colmeia tem origem espanhola “colmena”, que foi derivada da palavra colmo, que significa palha. Isso porque nos primórdios da apicultura as primeiras colmeias fabricadas pelo homem eram cestos confeccionados com colmo de palha (Figura 1). A colmeia representa o espaço físico no qual as abelhas vivem, podendo ser uma colmeia natural, colmeia rústica ou colmeia racional. A colmeia natural pode ser, por exemplo, um oco de árvore ou cupinzeiro abandonado que as abelhas utilizaram para nidificação. Já a colmeia rústica é aquela que permite certos manejos e transporte pelo homem, como um toco de árvore. Enquanto a colmeia racional permite total manejo e controle sobre as abelhas, aumentando a eficiência de produção e facilidade na criação. A colmeia racional adotada pelo Brasil é a colmeia Langstroth, que foi desenvolvida pelo reverendo americano Lorenzo L. Langstroth em 1851.
O termo enxame provém do latim “examen”, que significa um conjunto de animais ou pessoas. Na apicultura o enxame representa a união dos indivíduos adultos que vivem na colmeia, sendo eles: rainha, operárias e zangões (Figura 2).
Por sua vez, o termo colônia tem origem latina do verbo “colere”, que significa cultivar ou habitar. A colônia é a união dos indivíduos adultos da colônia, juntamente com as crias (ovos, larvas e pupas) e os favos contendo alimento (Figura 3). Portanto, os apicultores são os produtores rurais responsáveis pela criação de colônias de abelhas Apis mellifera.
Para uma adequada gestão apícola saber diferenciar esses termos é de vital importância, pois a partir do seu conhecimento é possível calcular a taxa de ocupação das colmeias. Essa taxa indica o quanto do espaço físico adquirido pelo apicultor está de fato sendo utilizado. Calcula-se da seguinte maneira:
Por exemplo: se um apicultor possui 100 colmeias, mas somente 80 estão povoadas com abelhas, ou seja, possuem uma colônia. A taxa de ocupação é de:
Quanto mais próximo de 100, maior será o aproveitamento do investimento feito pelo apicultor. Ocorre que muitos apicultores não param para analisar a taxa de ocupação de colmeias em seus apiários e, muitas vezes, a baixa produção de mel ocorre devido ao pouco aproveitamento do material disponível. Ou seja, há muitas colmeias armazenadas no galpão, porém, poucas colônias no campo produzindo.
Colmeia vazia não traz lucro ao apicultor. É como se um caminhoneiro ao invés de fazer frete, andasse com seu caminhão vazio. Além disso, a colmeia vazia é um bem material que está sendo depreciado com o passar do tempo, sujeito a ataque de cupins, traça, umidade, entre outros.
Com o avanço tecnológico a apicultura está cada dia mais exigindo profissionalismo dos apicultores e, para que essa evolução aconteça, é necessário enxergar que a apicultura deve ser encarada como uma atividade profissional. Aos poucos a apicultura extrativista deixará de existir e quem, por ventura, não se adequar ao novo mercado, terá dificuldades em se manter na atividade.