CALIANDRA – Calliandra tweedii Benth – Calliandra brevipes Benth – Calliandra haematocephala alba
Dr. João Martins Ferreira é Professor Titular da Universidade Paulista UNIP, Pesquisador junto à Universidade de São Paulo, Apicultor e Jornalista – MTB 93480 SP – Site: martinsferreira.net – Contato: martins_ferreira@hotmail.com

Martins Ferreira.
Dentre as plantas arbustivas com potencial melífero, uma das mais belas quando floresce é a “Caliandra”, fato que a credencia com destaque para integrar projetos paisagísticos preocupados com a sustentabilidade ambiental. Para as abelhas, ela representa uma significativa fonte de néctar e pólen, haja vista que quase sempre floresce em vários períodos do ano – com exceção de alguns poucos tipos, que têm floração mais esporádica.
No mundo existem mais de 130 tipos dessa planta, sendo mais comum no Brasil a Calliandra tweedii Benth., com flores vermelhas, que é nativa e também conhecida popularmente como “Caliandra”, “Diadema”, “Topete-de-Pavão”, “Arbusto-Chama”, “Esponjinha”, “Esponjinha-Sangue”, “Esponjinha-Vermelha”, “Esponjinha-Sangue” ou “Mandararé”. Além dela, observa-se muito frequente em nosso país a Calliandra brevipes Benth., que tem como sinônimo a Calliandra Selloi, a qual floresce de modo exuberante, com muitas flores que apresentam seu miolo na cor branca e suas extremidades na cor rosa, tendo como nomes populares “Caliandra”, “Esponja”, “Esponjinha”, “Manduruvá”, “Quebra-Foice”, “Angiquinho”, “Cabelo-de-Anjo” ou “Sarandi”.
Ambas são arbustos densos, lenhosos, rústicos e muito ramificados, que apreciam solo fértil, drenado e locais ensolarados, tolerando bem ao frio e à geada – há registros de algumas espécies com características arbóreas. A multiplicação das espécies pode ser feita por sementes ou por estacas, que devem ser cortadas e preparadas no final do inverno, deixadas para enraizar em lugar protegido e úmido. A multiplicação por sementes costuma ser mais eficaz, pois gera plantas mais vigorosas. Podem-se obter sementes colhendo-se as pequenas vagens que se formam na ponta dos ramos após a floração.
A Calliandra tweedii Benth. pode atingir um tamanho de até quatro metros de altura e suas flores vermelhas pequenas, reunidas em densos capítulos, abrem-se durante vários meses do ano, sendo a floração mais intensa na primavera e no verão. As flores, com um formato globoso, compostas por muitos estames longos e finos, costumam cobrir as folhas verdes da planta totalmente, o que proporciona um belo espetáculo visual e atrai muitas abelhas, como a Apis mellifera, a Tetragonisca angustula (Jataí), a Paratrigona subnuda (Jataí-da-terra), a Plebeia droryana (Mirim), a Plebeia saiqui (Mirim-saiqui) e outras mais. Já a Calliandra brevipes Benth. pode alcançar dois metros de altura e suas flores branco e rosa se abrem predominantemente nos meses de agosto, setembro, novembro e janeiro, atraindo abelhas Apis mellifera. Na região sul do Brasil, onde há uma lenda sobre a florada dessa planta representar o prenúncio de chuvas, ela costuma florescer com maior intensidade durante a primavera e o verão. Fato é que, qualquer uma dessas plantas, após receberem uma forte chuva, têm suas frágeis flores perdendo seu viço inicial, porém, mesmo assim, os insetos continuam a visita-las.
Há outros tipos de Caliandra que podem ser encontrados em nosso país, como a Calliandra inaequilatera Rusby, que é nativa da região amazônica boliviana e apresenta semelhança com a Calliandra tweedii Benth., sendo um diferencial o fato de poder eventualmente apresentar flores vermelhas ou brancas distintamente na mesma planta. Outra característica específica dela é que, assim como a espécie Calliandra harrisii (Lindl.) Benth, demonstra ser bem mais sensível a geadas.
Uma espécie que merece menção é a Calliandra haematocephala alba, também muito atrativa para as abelhas. Ela tem folhas mais largas que as anteriores, em um tom verde claro, e apresenta flores um pouco maiores, mais resistentes e totalmente brancas. Ela é originária da Bolívia, tolera o frio e pode crescer até três metros de altura.
Por apresentar tais características físicas e por aceitar podas formativas, qualquer tipo de Caliandra pode ser muito bem utilizado como cerca-viva, contribuindo não apenas para a alimentação das abelhas ou pássaros, como os beija-flores, por exemplo, mas também para o embelezamento de jardins, cercas, praças e diversos espaços urbanos ou rurais. Uma sugestão paisagística é cultivar espécies variadas com alguma proximidade entre elas, pois quando as flores se abrirem as tonalidades de suas cores causarão um efeito visual esplendoroso. No período de floração, toda Caliandra costuma atrair não apenas os insetos, mas atrai igualmente a atenção das pessoas, pelo contraste de cores e delicadeza das flores, encantando principalmente crianças, seja pelo denso arbusto que as instiga curiosidade, seja pela leveza dos estames das flores, que estimula nelas experiências com sensações táteis e visuais.
Referências:
– CAMARGO, João Maria Franco de. Manual de Apicultura. São Paulo: Agronômica Ceres, 1972.
– Enciclopédia de Plantas e Flores. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
– GUIMARÃES, Neif Pereira. Apicultura: a ciência da longa vida. Belo Horizonte, Itatiaia, 1989.
– LORENZI, Harri e SOUZA, Hermes M. de. Plantas Ornamentais do Brasil: Arbustivas, Herbáceas e Trepadeiras. 3. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2001.
– PIRANI, José R. e CORTOPASSI-LAURINO, Marilda. Flores e Abehas em São Paulo. 2. ed. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 1994.