A apicultura
voltando às origens

Radamés Zovaro – Diretor técnico da Apacame e Empresário apícola.

Enxertia de Rainhas feitas por Antônio Zovaro (transferência da larva do quadro original para a copula onde esta a geleira real. Ano de 1946.
Enxertia de Rainhas feitas por Antônio Zovaro (transferência da larva do quadro original para a
copula onde esta a geleira real. Ano de 1946.

No domingo, dia 09/07/2017, tivemos a oportunidade de assistir no programa Globo Rural uma demonstração de como se produz rainhas artificiais.

Esse processo é usado em todo mundo. No Brasil antes da implantação das abelhas africanas que ocorreu em 1954, havia vários criadores de Rainhas, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados esses que tinha uma apicultura forte. Na minha família, meu avô e meu pai eram especialistas no assunto, chegaram a exportar rainhas para vários apicultores do Brasil e também para alguns países, como Argentina, Chile e Estados Unidos.

Com a introdução das abelhas africanas, praticamente a apicultura teve uma parada quase que total justamente em função do grande potencial enxameatório que as abelhas de origem africana apresentavam, além evidentemente da agressividade. Com isso a apicultura praticamente ficou estacionada por alguns anos, retornando sua atividade no Estado de São Paulo, por volta de 1974/75.

Como ficou muito mais fácil capturar enxames do que criar rainhas, o processo de ampliação do apiário ficou mais simples e a produção de Rainhas passou a ser um fator secundário dentro da atividade.

Isso fez com que nossa apicultura ficasse praticamente estagnada na produção de mel, em torno de 45 mil toneladas ano.

Observando a abelha rainha
Observando a abelha rainha

Hoje, felizmente estamos voltando a falar sobre criação de Rainhas com a finalidade de melhorar o nosso plantel apícola, com abelhas selecionadas, no que diz respeito a menor agressividade e maior produtividade.

No mês de Julho parece que o assunto começou a voltar às origens. Nós tivemos a reportagem no Globo Rural com o professor Ednei Magalhães, dando uma excelente orientação no processo de criação de Rainhas que é feito na CEPLAC, da cidade de Itabuna/BA.

A Revista Zun Zun, da FAASC, (Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina, nº 362 de Abril/Junho de 2017, apresentou uma matéria redigida por Luiz Celso Stefaniak, com o titulo “Passo a passo na produção de rainhas na propriedade apícola”.

É importante que isso aconteça para que aos poucos possamos ter uma apicultura mais desenvolvida, no que diz respeito à qualidade dos enxames, com maior produtividade e melhor comportamento apícola.

Doolitle em 1888 apresentou o processo de criação de Rainhas.
Doolitle em 1888 apresentou o processo de
criação de Rainhas.

Doolitle em 1888 apresentou o processo de criação de Rainhas que tornou publica a técnica que estudava que nada mais era do que a transferência de lavas que nasceriam abelhas operárias para berços artificialmente preparados que se transformavam para nascerem Rainhas. No Brasil, o livro “O apicultor Brasileiro”, em sua 6ª Edição, no ano de 1925, escrito por Emilio Schenk, descreveu todo o processo de criação de Rainhas. Outros livros editados na época, também publicaram informações a respeito.

Hoje ainda usamos o mesmo método, porém muita coisa foi melhorada, principalmente sobre as técnicas de melhoramentos e seleção das abelhas para o aumento da produtividade.

A criação de rainhas de um país é o esteio de toda a sua apicultura, porque não pode haver seleção de raças, aumento de produtividade e ampliação dos apiários, sem rainhas de boa fertilidade.

Uma rainha boa significa família populosa, uniformidade de produção, e é de suma importância para a exploração da apicultura em bases racionais.

Espero que estes projetos tenham êxito, que novos sejam criados e que o apicultor tenha a responsabilidade de melhorar as condições de produtividade de seu apiário ou apiários, procurando encontrar soluções de manter um plantel de colmeias com qualidade e alta produtividade. Somente dessa forma poderemos sair das 45 mil toneladas, e tentarmos alcançar os dois produtores, Turquia (85 mil ton.) e Argentina (78 mil ton.) colocados em segundo e terceiro lugares respectivamente, uma vez que a China ocupa a liderança com 300 mil toneladas ano.

Aguardamos e torcemos para que isso um dia aconteça.