Na apicultura me encontrei profissionalmente.
minha identificação com o modelo organizacional das abelhas foi fundamental para isso.

Marivanda Maria Eloy Oliveira dos Santos – Coordenadora do Programa Estadual de Apicultura e Meliponicultura na Bahia – Secretaria de Desenvolvimento Rural

Chamada-Mulheres-na-Apicultura_1Foi com gratidão, que recebi o convite para escrever sobre minha trajetória na apicultura, especialmente em uma data tão especial: O Dia Internacional da Mulher. Atualmente, assim como em outras épocas, o sexo feminino tem que superar muitas dificuldades em vários aspectos, e isso não é diferente no campo profissional. As dúvidas, os desafios, os caminhos, tudo se torna mais complexo e extenuante para a mulher. Entretanto, persistir e prosperar é uma eterna, extensa e exaustiva prova de resistência, que pode ser gratificante ao abrir espaço para tantas outras mulheres que virão pelo caminho.

A minha história com a apicultura se consolidou na fase adulta. Entretanto, as raízes com o meio rural, têm ligações familiares estreitas. O fato de ser filha de produtor e ter passado parte da minha infância e adolescência neste ambiente, contribuíram decisivamente na escolha de seguir meus estudos com foco na agropecuária.

Logo no início do meu percurso, obtive êxito em concurso público e ingressei profissionalmente na carreira como Servidora Pública da Secretaria da Agricultura do Estado, ambiente que me proporcionou muito aprendizado. Lá, inicialmente, trabalhei apoiando entidades com cooperativismo e comercialização em um projeto que contava com recursos do Banco Mundial. Nesta oportunidade, aprendi na prática a importância do trabalho desenvolvido em equipe, com a participação e envolvimento de todos, valorizando saberes e experiências.

Passei por diferentes setores. Atuei em atividades relacionadas a avicultura, cunicultura, ranicultura, chegando finalmente na apicultura, lugar onde me encontrei profissionalmente. Um aspecto preponderante nesse contexto, foi minha identificação com o modelo organizacional das abelhas.

Meu aprofundamento técnico se deu em plena licença Maternidade, período em que tive importante imersão na área, o que me trouxe segurança para lidar com todas as demandas. Posteriormente, me graduei em Gestão Ambiental e iniciei uma pós-Graduação em Apicultura e Meliponicultura. Os cursos foram enriquecedores e contribuíram para o desenvolvimento de minhas atividades. O contexto exigia ainda mais, por isso continuei investindo na área acadêmica, em uma nova graduação na área de Tecnologia em Apicultura e Meliponicultura. Passei a acompanhar os Congressos Brasileiros e latino-americanos sobre o assunto. Instigada, elaborei o trabalho de conclusão da pós-graduação com o tema: “Os Impactos que as abelhas causam ao Meio Ambiente”. Importante ressaltar que nessa pesquisa, pude reunir e aplicar todo o aprendizado que acumulei na área, bem como na minha atividade laboral.

Quadro-fotos-mulheres-na-Apicultura4O trabalho na área me proporcionou atuar juntamente com o oficial da Polícia de Proteção Ambiental, na coordenação do “Programa SOS Abelhas”, e na responsabilidade técnica no Projeto para o Fomento da Apicultura no Estado, período em que foram cadastrados 73 apicultores na Bahia.

Em 1998, participei da coordenação e organização, como Vice-Presidente, do XII Congresso Brasileiro de Apicultura, realizado em Salvador. Em 2009, estive na coordenação do I Congresso Nordestino de Apicultura e Meliponicultura. Posteriormente, contribui na equipe de coordenação de diversos Congressos Estaduais, Fóruns, Encontros Estaduais e Seminários de Apicultura e Meliponicultura.

Atualmente, sou integrante do projeto Estadual de Apicultura e Meliponicultura, como coordenadora na Secretaria de Desenvolvimento Rural. Nos últimos 18 anos, venho atuando concomitantemente como Secretária Executiva da Câmara Setorial Estadual e como representante da Bahia na Câmara Setorial do Mel Nacional. Participo da equipe de coordenação – desde sua construção até implantação – do projeto do Curso Superior de Tecnologia em Apicultura e Meliponicultura da UNITAU EAD/ Polo Tucano.

Tem sido gratificante atuar nessa área, pois desde o começo da minha trajetória pude realizar, participar e observar com satisfação, um contingente inicial de 73 apicultores, que conta hoje com mais de 20.000 famílias. São famílias de agricultores atendidas com políticas públicas assertivas, que partiram de uma produção inexpressiva para 5.000 toneladas de mel por ano, além da produção de outros produtos a exemplo de pólen e própolis.

Sinto-me especialmente gratificada por ter o privilégio de trabalhar na área que escolhi. Acompanho com dedicação todo o processo produtivo, que envolve o fomento, a assistência técnica, ensino e agroindustrialização até a comercialização. A população, em geral, se beneficia dos projetos públicos na área, especialmente as pessoas do campo, que recebem formação por meio de palestras, congressos, oficinas, seminários e outros.

Hoje, a equipe que propõe atividades nessa área na Secretaria Estadual, é composta, na sua maioria, por mulheres com formação especializada. É notável o avanço do setor nos últimos anos, reflexo não só os investimentos públicos, mas também do comprometimento de todas.

Nesse contexto, aproveito o momento oportuno para parabenizar e agradecer a estas mulheres, bem como todas aquelas que fazem a diferença na Apicultura do Estado da Bahia, pelo trabalho incansável em prol do crescimento da atividade: Teresinha Braga, Lívia Viana, Fatima Nunes, Solange Veras, Rejane Noronha, Maria Anita Lopes e como figura de destaque, no âmbito nacional, a professora Lídia Barreto.