MARGARIDÃO-BRANCO
Montanoa bipinnatifida C. Koch
MARGARIDÃO-AMARELO – Tithonia diversifolia Gray

Dr. João Martins Ferreira é Professor Titular da Universidade Paulista UNIP, Pesquisador junto à Universidade de São Paulo, Jornalista e Apicultor.
Site: martinsferreira.net – Contato: martins_ferreira@hotmail.com

Foto_1_PastoHá dois tipos de plantas no Brasil que popularmente são chamadas de “Margaridão”, elas têm semelhanças, porém são espécies distintas. Com porte médio, elas se caracterizam como arbusto, ou pequena árvore. Quando florescem, exibem ramos repletos de flores que têm aspectos bem próximos das margaridas mais comuns, vegetais pequenos que são cultivados em muitos jardins, mas como se tratam de espécies maiores, a expressão usual para defini-las é o aumentativo da palavra “margarida”. O adjetivo que lhe segue permite distinguir cada uma das espécies, de acordo com a coloração das pétalas das flores, resultando desse modo nas denominações: “Margaridão-Branco” e “Margaridão-Amarelo”.

Ambas as plantas são fonte de alimentação importante para as abelhas, bem como para as borboletas e outros animais.

Em geral são visitadas pelas espécies Apis mellifera, trigona spinipes (irapuá), tetragonisca angustula (jataí-amarela), melipona quadrifasciata (mandaçaia), augoschlorini e xylocopa. As duas florescem no Brasil nos meses mais frios do ano, quando a oferta de alimento para as abelhas em nossa flora costuma ser mais escassa, daí uma significativa razão para que os apicultores considerem plantá-las próximas às colmeias.

Elas oferecem abundância de flores perfumadas, sendo que a Margaridão-Branco mantém sua florada por mais tempo. Esta também é mais visitada pelas Apis mellifera do que a espécie com flores amarelas, no entanto ambas as plantas são ótimas fontes de néctar e de pólen e, quando cultivadas num mesmo espaço, acabam se tornando complementares na oferta de nutrientes para as abelhas. Devido às suas especificidades, neste texto cada uma delas será apresentada separadamente.

A Margaridão-Branco, Montanoa bipinnatifida C. Koch, é também conhecida no Brasil como Margarida-de-Árvore, Margarida-de-maio, Flor-de-maio, Mal-me-quer-Arbóreo, e no exterior como Margaritero, ou Margarita Arbórea, em espanhol, e Daisy Bush, Tree Daisy, Tree Chrysanthemum, Pom Pom Tree, ou Mexican Daisy Tree, em inglês – a denominação botânica “Montanoa” é uma homenagem a Luis José Montaña, professor mexicano de medicina que viveu no século XIX. É originária do México, de regiões com mais de 400 metros de altitude, e foi bastante difundida em países de clima tropical, porém ainda é pouco cultivada no Brasil.

Também se faz presente, como distribuição secundária, nos Estados Unidos da América, na África do Sul e na Austrália, podendo ainda ser considerada erva invasora em estradas e margens de florestas de algumas regiões nesses países.

É uma planta com folhagem perene e que atinge três metros de altura, podendo eventualmente crescer mais. Além disso, costuma ocupar um largo diâmetro com galhos e ramos, necessitando, assim, de espaçolateral para que se desenvolva vigorosa.

As folhas são opostas, grandes, pubescentes, de cor verde-acinzentada, de margens serrilhadas e longos pecíolos usualmente alados. Seus galhos são fracos, leves, e costumam se quebrar com ventos fortes, por isso, caso seja utilizada como cerca-viva, deve ser plantada em locais adequados, isto é, onde não haja fortes rajadas de vento, por exemplo. Deve ser manuseada com cuidado, já que seu contato intenso com a pele pode causar dermatite.

Ela aprecia sol pleno, ou pouca sombra. Torna-se muito ornamental no período de florescimento, que geralmente ocorre em nosso país entre os meses de maio e setembro (no México, floresce em novembro e dezembro), fato que confere a ela bom uso em projetos paisagísticos, mas de modo criterioso, devido à sua fácil propagação.

Suas flores têm pétalas brancas e o centro amarelo, tal como a maioria das margaridas comuns, e surgem distribuídas ao longo das pontas dos ramos. Elas oferecem néctar com uma concentração de açúcares que varia de 14% a 44%, atraindo grande quantidade de insetos. Prefere solos férteis e bem drenados, com irrigação regular. Cresce rapidamente e é bastante rústica, não exigindo muita proteção, porém é sensível a geadas. Caso se queira mantê-la como arbusto, recomenda-se sua poda após a florada. Ela rebrota com facilidade e pode ser multiplicada por sementes ou estacas.

A Margaridão-Amarelo, Tithonia diversifolia Gray, é mais conhecida no Brasil apenas como Margaridão, como já foi explicado, sendo possíveis ainda as denominações Raio-de-Sol, Unha-de-Gavião, Falso-Girassol ou Girassol-Mexicano.

Em outros países é chamada de Árbol Maravilla, Quil Amargo, Tornasol Mexicano, Margaritona, Árnica de la Tierra, Gigantón, Rayo del Sol, Boton de Oro, Amargoso, Durazno, ou Mirasol, em espanhol, ou Tree Marigold e Mexican Sunflower Weed, em inglês.

Em japonês, é denominada Nitobegiku. Ela é originária do México e de países da América Central, de regiões com mais de 200 metros de altitude. Adaptou-se bem em diversas partes do mundo, mas passou também a ser considerada erva invasora em alguns locais.

As flores dessa espécie são dotadas de pétalas amarelas, tendo o centro da mesma cor, e geralmente se abrem entre os meses de abril e agosto, ficando bem distribuídas ao longo das extremidades dos ramos, o que torna a planta bastante ornamental quando floresce.

Além dessa qualidade, a Margaridão-Amarelo também possui um bom potencial para ser aproveitada em adubações: seus ramos são adequados para tal finalidade. Nesse sentido, ela tem sido utilizada na agroecologia e em sistemas agroflorestais, principalmente na agricultura sintrópica. Seus ramos dispõem de grande concentração de nitrogênio e servem como cobertura vegetal para o solo, contribuindo para o aumento da microbiota nele, promovendo também a disponibilização de nutrientes como potássio, cálcio e magnésio para diversas plantas.

No México, é também utilizada como planta forrageira, alimentando bois, cabras e ovelhas, já que apresenta uma concentração de proteína entre 18,9 % e 28,8 %.

Essa espécie é rústica, tem folhagem perene, aprecia sol pleno, ou pouca sombra, e seu crescimento é rápido. Ela atinge cerca de dois metros e meio de altura quando a planta se torna adulta. O solo úmido favorece seu desenvolvimento, mas ela não tolera geada, ou frio intenso.

Devido à sua forma arbustiva, também necessita de um largo diâmetro para que cresça forte e saudável. Seus ramos são flexíveis e leves, o que facilita sua poda e sua multiplicação, a qual pode ser feita por estaquia. Para isso, basta que se faça uso de pedaços de aproximadamente cinquenta centímetros extraídos dos ramos, os quais devem ser plantados verticalmente, como estacas, na terra. No caso de se realizar qualquer corte ou poda na planta, deve-se fazê-lo após 40 dias contados a partir do final da floração, pois desse modo alguns animais ainda poderão se alimentar de sementes amadurecidas no período – elas são nutritivas e sustentam, por exemplo, aves como pintassilgos, pardais e periquitos.

A Margaridão-Amarelo pode também ter aplicações medicinais, uma vez que possui propriedades anti-inflamatória e antimalárica, sendo ainda útil no tratamento do diabetes.

Apesar de ser utilizada há séculos por povos indígenas da América Central para esses fins, os usos dessa planta em tratamentos de saúde ainda são restritos, posto que ela precise ser melhor estudada cientificamente para que haja maior segurança nas terapias.

Alguns estudos têm revelado, por exemplo, casos de efeitos indesejados no organismo quando de seu uso, o que leva a contraindicações em certas situações. É fundamental, portanto, que quando se manipule plantas com propriedades medicinais como essa, sempre se tenha como base de informações as conclusões de pesquisas balizadas pela ciência.

Como se percebe, essas duas espécies, popularmente denominadas como “Margaridão”, são ótimas opções para o apicultor cultivar perto de locais em que se instalem novos apiários, já que crescem rápido, bem como podem ser úteis na complementação de pastos apícolas em apiários já existentes, suprindo carências durante a estiagem.

Além disso, observar essas plantas em sua época de floração certamente estimula não só aos insetos, mas também a nós, seres humanos, pois elas manifestam um belo espetáculo da natureza, com delicadas formas e ricas cores à nossa visão, odores agradáveis ao nosso olfato e propiciam animados zumbidos das abelhinhas, que soam como doce melodia à nossa audição.

Referências:

http://abelhaseplantas.cria.org.br/

http://www.jardimcor.com/

https://abelha.org.br

https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2019/12/20/mamangavas-sao-polinizadoras-eficientes-e-representadas-em-mais-de-50-especies-no-brasil.ghtml

https://jaraguasp.blogspot.com/2016/07/importancia-ambiental-margaridoes-amarelos-estacao-jaragua.html

https://pt.wikipedia.org/

https://www.cpt.com.br/

Pirani, José R. e Cortopassi-Laurino, Marilda. Flores e Abelhas em São Paulo. 2. ed. São Paulo: EDUSP; FAPESP, 1994, p. 90 e p. 98.

Rodríguez, Jorge Z. et alii. Manual de Identificación de Árboles y Arbustos Forrajeros en Tamaulipas. Victoria: Instituto de Ecología Aplicada, 2018.

Vieira, Márcio Infante. Criar Abelhas é Lucro Certo. São Paulo: Edição do autor, 1984.