ASSA-PEIXE
Vernonia polyanthes Less

Dr. João Martins Ferreira é Professor Titular da Universidade Paulista UNIP, Pesquisador junto à Universidade de São Paulo, Jornalista e Apicultor.
Contato: martins_ferreira@hotmail.com

Os nomes populares desse grande arbusto (ou pequenina árvore) variam de acordo com as regiões brasileiras. Pode ser chamado de Assa-Peixe, Assa-Peixe Branco, Chamarrita, Mata-Campo, Cafera, Estanca-Sangue, Tramanhém, Erva-Preá, Cambará-Guassu, ou Cambará-Branco, por exemplo. É uma planta nativa e que se desenvolve bem em solos considerados pobres, sendo muito comum em áreas rurais, principalmente na faixa litorânea entre os estados da Bahia e Santa Catarina.

Uma Apis Melifera nas flores da Assa-Peixe – foto de João Martins Ferreira
Uma Apis Melifera nas flores da Assa-Peixe – foto de João Martins Ferreira

 

Ela é boa fornecedora de néctar e pólen para as abelhas e se configura como planta extremamente importante em termos de pasto apícola, haja vista que é uma das poucas plantas que floresce em abundância no Brasil na época do inverno, subsidiando nossas colmeias para que não sofram tanto na estiagem.

É considerada planta sem importância para a maioria dos habitantes das zonas rurais e, por isso, muitas vezes é desprezada, sendo geralmente cortada e queimada. Outra razão de sua destruição está no fato de ser considerada uma planta daninha por alguns pecuaristas, uma vez que a disseminação natural de suas sementes é intensa e a germinação delas é rápida, podendo em alguns casos prejudicar pastagens. Há produtores rurais que, preocupados apenas com a conservação de seus pastos, usam produtos tóxicos para evitar a proliferação dessa espécie. Cabe principalmente aos apicultores conscientizar as pessoas sobre a importância de não destruí-la, mas sim manter sua disseminação, porém em espaços que sejam bem adequados.

A Assa-Peixe apresenta folhas simples, com 10 a 24 centímetros de comprimento, um pouco ásperas para o nosso tato, que permanecem na planta o ano todo e que apresentam nervuras que se assemelham às espinhas de peixes. Suas flores são miúdas, perfumadas, brancas, melíferas e ficam nas extremidades dos ramos. Há variedades, como as espécies Vernonia ferruginea Less e Vernonia tweediana Baker. Ela pode ser multiplicada por sementes. A altura da planta varia entre 1 metro e 3 metros.

Em algumas localidades, suas raízes e folhas são utilizadas popularmente para fins medicinais, como em tratamentos de bronquite e de tosses, ou então com finalidades diuréticas e antirreumáticas. Há registros de que o cozimento de suas raízes fornece medicação útil para tratar machucados e estancar sangue. Também há ocorrências da utilização de suas folhas novas em receitas culinárias, sendo levadas ao fogo em cozimentos ou frituras, junto com outros ingredientes, fato que deu origem a um dos nomes populares dessa planta. O mel que as abelhas produzem a partir de suas flores é leve, com aroma agradável e muito apreciado pela maioria das pessoas.

Referências:

FEEBURG, João B. Técnica e Prática de Apicultura. Porto Alegre: 1986, p. 123.

KORBES, Irmão V. Cirilo. Plantas Medicinais. 48 ed. Francisco Beltrão: Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural, 1995, p. 74-75.

LORENZI, Harri. Plantas Medicinais do Brasil. 2. ed. Nova Odessa: Plantarum, 2008, p. 166.

http://www.esalq.usp.br/lcb/lerf/divulgacao/produzidos/artigos/2001sav58n2p413-420.pdf

https://pastoextraordinario.com.br/

https://pt.wikipedia.org/