Valorização da Apicultura Sustentável

Judit Ahely – Idealizadora e Palestrante no Projeto Valorize. – juditmarci@hotmail.com

A apicultura sustentável é a apicultura orgânica, voltada ao manejo das colmeias de abelhas de forma respeitosa, onde sua natureza é respeitada, assim como seus ciclos biológicos e a produção de alimentos naturais e saudáveis, que resultem em produtos nutritivos aos consumidores.

Em uma abordagem sustentável, o produtor precisa se preocupar com a manutenção da qualidade de vida das abelhas, focando em uma alimentação saudável, fontes de água potável e manejo adequado das colmeias, de acordo com o período das floradas.

É preciso estar atento à saúde do ambiente, incluindo a localização das colmeias, tentando distanciá-las, em no mínimo, dois quilômetros, de áreas com uso de pesticidas ou outros tratamentos à base de venenos.

Esses cuidados fazem com que a produção possa ser denominada orgânica e tenha o mínimo de sustentabilidade local, além de resultar em uma colheita satisfatória de grandes quantidades de mel. A consciência de preservar o meio ambiente não é boa apenas visivelmente e a saúde, mas também no lucro. Transformar o apicultor em um conservacionista das matas e recursos hídricos, valoriza a mudança, tanto na postura do produtor como no próprio segmento apícola.

A apicultura é uma atividade conservadora das espécies por natureza. Não é destrutiva como a maioria das atividades rurais e é uma das poucas atividades de uso de recursos naturais que preenche todos os requisitos do tripé da sustentabilidade:

O econômico, porque gera renda para os agricultores;
O social porque utiliza a mão-de-obra familiar no campo, diminuindo o êxodo rural;
O e o ecológico porque não se desmata para criar abelhas.

A importância da biodiversidade é indiscutível em todo mundo. As abelhas ocupam importante papel na polinização de aproximadamente 30% das plantas que são utilizadas na alimentação humana. Devido à perda da biodiversidade, tornou-se evidente que os polinizadores nativos devem ser protegidos.

A polinização intensiva realizada pelas abelhas do gênero Apis, também tem favorecido a manutenção da biodiversidade, impactando positivamente a sustentação do ecossistema local, bem como permitindo ganhos de produtividade em diversas culturas.

No Brasil está em curso uma grande “revolução silenciosa” municiada pela inovação tecnológica e gerencial, cujos principais agentes são os médios e grandes “empresários rurais”, que incorporam aos seus agronegócios “tecnologias de ponta” nas áreas de produção e administração rural.

Atualmente, o maior desafio do agronegócio é identificar e promover atividades produtivas que sejam “inclusivas” sob os aspectos tecnológicos e gerenciais, isto é, que permitam uma “desconcentração tecnológica”, democratizando e viabilizando a incorporação das inovações nas pequenas propriedades rurais.

A Apicultura brasileira, sendo atividade socialmente justa e ambientalmente correta, reúne alguns requisitos que a credenciam como uma alternativa de elevado potencial de inclusão social, face à sua competitividade em relação aos aspectos econômicos, sociais e ambientais, ou seja, do “desenvolvimento sustentável”.

Apesar do cenário tão favorável, sabe-se que nossos apicultores vêm convivendo com limitações estruturais aliadas às dificuldades de acesso à tecnologia e aos serviços de assistência técnica. Era imperativo que se revertesse esse quadro, que se lançasse mão de estratégias próprias e adequadas à realidade da produção de mel do Brasil.

A melhor alternativa foi a de formar Agentes de Desenvolvimento Rural – ADRs para atuar na apicultura, selecio- nando-se e treinando jovens com relativa experiência na produção de mel, que falem a linguagem de suas comunidades e que possam preencher essa lacuna, tornando-se verdadeiros agentes de mudança.

Até a próxima edição!