Animais associados às colméias

Harold Brand, Biólogo Meliponicultor. Profharoldbrand@gmail.com

Coleópteros

Em muitos gêneros de abelhas, em particular na tribo Meliponini elas toleram a presença de pequenos coleópteros nas suas colméias. Esses animais circulam preferentemente nos lugares úmido no fundo das caixas e se concentrando junto aos “depósitos de lixo” formado por resíduos acumulados sem mais serventia para as abelhas.

Foto HB – lixão das abelhas. - Fundo da caixa, local muito úmido com muitos montículos de material descartável, inclusive fezes das abelhas jovens. São também propícios para o desenvolvimento das larvas de forídeos. Não resta duvida do papel saneador desses besouros
Foto HB – lixão das abelhas. – Fundo da caixa, local muito úmido com muitos montículos
de material descartável, inclusive fezes das abelhas jovens. São também propícios para o
desenvolvimento das larvas de forídeos. Não resta duvida do papel saneador desses besouros

O comportamento desses animais nos faz lembrar a etologia dos urubus na sua alimentação frenética nos lixões humanos a céu aberto. Guardando as devidas proporções, o papel biológico de ambos é o mesmo, diminuir a proliferação de microorganismo entre os quais os patogênicos. O mérito dessa relação mutualística é auxiliar a manutenção da sanidade da colméia. Já no inicio do século passado alguns pesquisadores como Von Ihering já relacionavam a ausência desses besouros com as doenças que ocorrem na fase puparia em algumas espécies de abelhas.

Em nosso meliponário, nas colméias como boca de renda e mandaçaia , observamos também doenças na fase puparias coincidindo com a falta desses agentes “sanitários”. Eles se alimentando dos resíduos dos “lixões das abelhas” impedem que os agentes patogênicos que ai proliferam, prosperem. A atividade desses animais ainda auxilia o combate à temida mosca os Forídeos sp uma vez que seu ”trabalho de limpeza” diminuem os locais propícios a postura dessas moscas.

Na foto aumentada os coleópteros do interior de uma colméia de mandaçaia, vivendo no lixão do fundo da caixa. Local rico em matéria orgânica e bastante úmido, as duas condições que favorecem o desenvolvimento de bactérias e fungos, entre quais alguns patogênicos para as abelhas. Na foto a massa gelatinosa brilhante sobre a qual estão os besouros é o habitat das bactérias e fungos.
Na foto aumentada os coleópteros do interior de uma colméia de mandaçaia, vivendo no lixão
do fundo da caixa. Local rico em matéria orgânica e bastante úmido, as duas condições que
favorecem o desenvolvimento de bactérias e fungos, entre quais alguns patogênicos para as
abelhas. Na foto a massa gelatinosa brilhante sobre a qual estão os besouros é o habitat das
bactérias e fungos.

Esses besouros são cegos, explicável pelo novo ramo da Genética a Epigenetica ela nos ensina que a atividade gênica é modulada pelos fatores ambientais. Em outras palavras, como os besouros nascem e desenvolvem em ambiente escuro do fundo das caixas a visão não desenvolve por falta do estimulo luz.

O que é muito peculiar e interessante é o modo como esse animal adulto mesmo cego passa de uma colméia para outra. A estratégia é pegar uma carona se fixando na perna de uma operária campeira até uma flor onde aguarda a visita de outra abelha e uma nova carona tem boa possibilidade de levá-lo a uma nova colméia.

Disco de cria com falha nas cápsulas alveolares. Quando ocorre a morte na fase puparia as operárias percebem a parada de movimento no interior da cápsula alveolar e retiram a pupa morta, deixando o espaço vazio. No caso do disco ao lado, o exame microscópico identificou hifas de fungos no corpo das larvas mortas.
Disco de cria com falha nas cápsulas
alveolares. Quando ocorre a morte na fase
puparia as operárias percebem a parada de
movimento no interior da cápsula alveolar
e retiram a pupa morta, deixando o espaço
vazio. No caso do disco ao lado, o exame
microscópico identificou hifas de fungos no
corpo das larvas mortas.

No nosso meliponário (Piraquara) já pudemos observar três desses animais aderidos às patas de uma única abelha guaraipo.

A comprovação da presença da diversidade de microorganismo:

As observações podem ser feitas a partir da coleta de amostras nesses locais e preparados para observação microscópica. Já com uma microscopia simples permite a visualização da multiplicidade de bactérias e fungos ai residentes.

Quando o fundo da caixa é submetido à luz ultravioleta em um ambiente escuro o aspecto esbranquiçado da luz refletida identifica a presença dos fungos.

“O interior da colméia é um delicado e complexo sistema em equilíbrio o que torna importante a participação dos organismos associados no controle biológico”.