ACEITAÇÃO DAS LARVAS A DIFERENTES POSIÇÕES DAS CÚPULAS UTILIZADAS PARA PRODUÇÃO DE ABELHA RAINHA Apis mellifera

Felipe Jackson de Farias Silva1, Erika Bruna de Araújo Silva1, Marianna Suellen Bispo Viera1, Katia Nunes de Farias1, Dionísio Santino Barbosa de Oliveira1, Carolyny Batista Lima1, Adriana Aparecida Pereira1
1 Universidade Federal de Alagoas, campus Arapiraca
felipe.jackson2@gmail.com; erikabruna.as@gmail.com; mariisuellenvieira@gmail.com; nf_kattia@hotmail.com; anamariatorres97@gmail.com; cblzte@hotmail.com; adri_zoo@hotmail.com

RESUMO

Objetivou-se com o presente estudo avaliar a aceitação de cúpulas para produção de abelhas Apis mellifera inseridas em três diferentes posições. O experimento foi realizado no Setor de Apicultura da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, localizado no município de Arapiraca – AL. As colmeias experimentais receberam uma alimentação estimulante para simular um período de florada. Passados 30 dias do início da alimentação das colmeias, a mais forte foi selecionada e dividida. Após 4 dias da divisão foram retiradas da colmeia recria (órfã), as realeiras puxadas para extração da geleia real e um quadro com crias de 1 a 3 dias de vida da colmeia matriz. Após a enxertia, o quadro porta cúpula foi inserido na colmeia recria. Foi avaliado 72 horas após a enxertia o percentual de aceitação das realeiras pelas operárias. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com 3 tratamentos (T1= cúpulas posicionadas para cima; T2= cúpulas posicionadas horizontalmente e T3= cúpulas posicionadas para baixo) e 10 repetições. Após duas tentativas de realização do experimento, verificou-se rejeição de 100% das cúpulas inseridas, em todos os tratamentos.
Palavras-chave: Apicultura, Enxertia, Produção de rainha.

INTRODUÇÃO e OBJETIVOS

O processo de produção artificial de rainhas consiste, basicamente, em simular nas colmeias recrias as condições que levariam as operárias a criarem novas rainhas, como alto fluxo de néctar, grande número de abelhas nutrizes e ausência da rainha, a partir de técnicas como alimentação artificial, permuta de quadros de cria com outras colmeias, orfanação de enxames ou uso de telas excluidoras de rainha entre ninho e sobreninho, para posterior inserção das larvas, retiradas de uma colmeia matriz cuja rainha apresente características desejáveis, a fim de propiciar o melhoramento genético do apiário (CUNHA, 2005).

A reprodução da sua rainha oferece ao apicultor uma oportunidade singularmente favorável para influenciar o futuro comportamento e desempenho produtivo da colônia de abelhas. Por esta razão, há séculos vêm sendo desenvolvidos e praticados métodos destinados ao controle da produção de rainhas, número de rainhas fecundadas, épocas e características das rainhas produzidas. Sabe-se que vários fatores, de ordem genética e ambiental, influenciam no processo e na qualidade das rainhas produzidas, sendo os de maior relevância o fluxo de néctar, subespécie utilizada, idade da larva, tamanho e posição de realeira e a própria condição geral da colônia (CRAILSHEIM et al., 2013; ALBARRACÍN et al., 2006), sendo de suma importância a observação e o controle de tais variáveis.

Dentre as características observadas em rainhas a fim de determinar-se a qualidade das mesmas, o peso é o que tem recebido maior atenção, devido ao fato deste estar relacionado com peso do sistema reprodutivo e, consequentemente, com longevidade e prolificidade da rainha, atributos que influenciam a produtividade da colônia como um todo. Além disso, estudos apontam que existe correlação entre o peso da rainha e a quantidade e duração dos voos nupciais, onde rainhas mais pesadas apresentam melhor otimização da atividade de voo nupcial (SOUZA, 2006).

Assim, objetivou-se, com este trabalho, avaliar o efeito de diferentes posições de cúpulas sobre a aceitação das larvas de apis mellifera, bem como o peso da realeira e da abelha após o nascimento.

METODOLOGIA

Figura 1- Preparo do alimento artificial (A e B) e forma de oferta da alimentação artificial na colmeia (C).
Figura 1- Preparo do alimento artificial (A e B) e forma de oferta da alimentação artificial na
colmeia (C).

  O experimento aconteceu no Setor de Apicultura da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, localizado no município de Arapiraca – AL. Inicialmente, foi ofertada alimentação pastosa estimulante a base de pólen, proteína de soja, açúcar mascavo e água, para simular um período de intenso fluxo alimentar, a fim de fortalecer os enxames, para posteriormente ser selecionado a colmeia mais forte para ser dividida e coletada as larvas de 1 a 3 dia de vida segundo metodologia adotado por DOOLITTLE (1889). (Figura 1).

Fig_2_Larvas
Figura 2 – Extração da realeira e coleta de geleia real (A), coleta das larvas (B).

Passados 30 dias do início da alimentação das colmeias, a mais forte foi selecionada e dividida. Após 4 dias da divisão foram retiradas da colmeia recria (órfã), as realeiras puxadas para extração da geleia real e um quadro com crias de 1 a 3 dias de vida da colmeia matriz (Figura 2).

No intervalo entre a alimentação e a divisão da colmeia foram confeccionadas e fixadas 30 cúpulas de cera de aproximadamente 10 mm de diâmetro e 12 mm de altura, em um barrote de madeira fixado em um único quadro porta cúpulas, nas diferentes posições (T1= 10 cúpulas posicionadas para cima; T2= 10 cúpulas posicionadas horizontalmente e T3= 10 cúpulas posicionadas para baixo). Foi confeccionado também um quadro com cúpulas posicionadas somente para baixo, que foi introduzido na colmeia recria durante o período de alimentação, afim da colmeia matriz se adaptarem ao cheiro do quadro e para estimular a aceitação das larvas pelas operárias (Figura 3).

Figura 3 – Confecção das cúpulas (A e B) e quadro com cúpulas voltadas para baixo (C).
Figura 3 – Confecção das cúpulas (A e B) e quadro com cúpulas voltadas para baixo (C).

No dia da enxertia as cúpulas foram previamente preparadas com aproximadamente 0,5ml de geléia real diluída em água destilada na proporção de 1/1, para posteriormente as larvas serem transferidas. Após a enxertia, um quadro com 30 larvas (10 em cada posição) foi inserido na colmeia recria.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com 3 tratamentos (T1= cúpulas posicionadas para cima; T2=cúpulas posicionadas horizontalmente e T3= cúpulas posicionadas para baixo) e 10 repetições. Os dados obtidos foram digitados em planilhas eletrônicas, analisados descritivamente e expressos em percentuais, utilizando o programa Microsoft Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Figura 4 – Quadro porta cúpulas fixadas nas diferentes posições (A) e larva com geleia real na cúpula de cera (B).
Figura 4 – Quadro porta cúpulas fixadas nas diferentes posições (A) e larva com geleia real na
cúpula de cera (B).

Na primeira tentativa, nas quais as cúpulas foram inseridas sem adição de geleia real na colmeia recria, observou-se uma rejeição de 100% destas, sendo as mesmas utilizadas como pontos de construção de novos favos pelas operárias, como descrito na figura 3.

Na segunda tentativa, que consistiu na inserção das cúpulas com adição de geleia real diluída em água destilada numa proporção de 1/1, em uma colmeia previamente orfanada, observou-se que, apesar da colmeia não possuir rainha, nenhuma das cúpulas inseridas foram aceitas independente da posição de inserção (Figura 5). Também foi observado que as abelhas construíram suas próprias realeiras como pode ser visto na figura 6.

Figura 5 – Quadros porta-cúpulas após rejeição das cúpulas pelas operárias, em todos os tratamentos.
Figura 5 – Quadros porta-cúpulas após
rejeição das cúpulas pelas operárias, em todos
os tratamentos.

Segundo GARCIA (2000), SOUZA (1998) e PEREIRA (2006), o sucesso da produção de abelhas rainhas por enxertia artificial, utilizando o método Doollitle está em função da idade das larvas e dos cuidados na realização do processo, bem como a experiência no processo de enxertia, pois lesões causadas no processo podem diminuir bastante a aceitação das larvas. Possivelmente este tenha sido um dos motivos pelo qual não se obteve os resultados positivos nestas tentativas, apesar de todo o treinamento realizado previamente.

A aceitação de cúpulas para produção artificial de abelhas rainhas pelas operárias também está relacionada a uma série de fatores, como temperatura, umidade, radiação solar (PAIVA, 2011), fluxo de néctar, número de larvas transferidas (PEREIRA, 2013) e fatores alimentares (TOLEDO, 2012). Desta forma, é difícil apontar o(s) motivo(s) específico(s) para a total rejeição das larvas neste experimento, apesar da inferência supracitada. Deste modo não foi possível dar prosseguimento às demais etapas do experimento. Tal fato vai de encontro aos resultados mais comuns na literatura e evidencia a necessidade de mais pesquisas na área.

CONCLUSÕES

Houve 100% de rejeição das cúpulas, em todas as posições testadas em colmeias de recria de Apis mellifera.

Figura 6 - Realeiras construídas pelas operárias.
Figura 6 – Realeiras construídas pelas operárias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBARRACÍN, V. N. et al. Aceitação de larvas de diferentes grupos genéticos de Apismelliferana produção de abelhas rainhas. Archivos Latinoamericanos de Producción Animal. 2006. Vol. 14.

CRIELSHEIM, K. et al. Standard methods for artificial rearing of Apis mellifera larvae. Journal of Apicultural Research. 52. 2013.

BOAVENTURA, M. C., SANTOS, G. T. Produção de abelha rainha pelo método da enxertia. Brasília: LK Editora e Comunicação, 2006. 140 p. il. (Coleção Tecnologia Fácil).

CUNHA, J. G. C. Criação de abelhas africanizadas no sul do Brasil. In: CONGRESSO DE APICULTURA DEL MERCOSUR, 1., 2005, Punta Del Este, Uruguai. Anais… CD 4ª Edição.

GARCIA, R.C.; MALERBO-SOUZA, D.T.; NOGUEIRA-COUTO, R.H. Cúpulas comerciais para produção de geleia real e rainhas em colméias de abelhas Apis mellifera. Scientia Agrícola, v. 57, n. 2, p. 367-370, 2000.

PAIVA, C. S.. Produção de Abelhas Rainha Africanizadas (Apis mellifera L.) sob o efeito do Sol e de Área Sombreada. Mossoró-RN. Monografia (Bacharelado em Zootecnia). UFERSA. 40 p. 2011.

PEREIRA, D. S. et al. Produção de rainhas (Apis mellifera L.), e taxa de fecundação natural em quatro municípios do nordeste brasileiro. Revista Verde, Mossoró – RN, v. 8, n. 2, 2013.

PEREIRA, F. M. et al. Desenvolvimento de colônias de abelhas com diferentes alimentos protéicos. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.41, n.1, 2006.

SOUZA, D. A. Aspectos reprodutivos de rainhas africanizadas (Apis mellifera L.): influência do peso ao nascer no desempenho das colônias. Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/ USP – Departamento de Biologia. Ribeirão Preto, 2009.

TOLEDO, V. A. A.; MOURO, G. F.. Produção de geléia real com abelhas africanizadas selecionadas e cárnicas híbridas. R. Bras. Zootec., Viçosa , v. 34, n. 6, Dec. 2005

TOLEDO, V. A. A. et al. Produção de realeiras em colônias híbridas de Apis mellifera L. e longevidade de rainhas. Gl. Sci. Technol., Rio Verde, v.05, n.02, p.176 – 185. 2012.