RESGATE DE ENXAMES
DAS REGIÕES DA GRANDE SÃO PAULO

Fabiano Guedes Rodrigues da Silva, Biólogo e Professora Dra. Lídia M. R. C. Barreto, Departamento de Apicultura da Universidade de Taubaté – UNITAU.

RESUMO


O grande número de ocorrências de enxames de abelhas, vespas e marimbondos na Grande São Paulo leva as empresas e residências a buscarem um órgão público ou privado que realize o resgate ou o extermínio. Um dos primeiros órgãos a serem solicitados são o Centro de Controle de Zoonoses, a Associação de Apicultores de São Paulo, APACAME, o Parque Ecológico Cidade das Abelhas e as empresas de dedetização. O presente trabalho apresenta dados de ocorrências atendidas por outra empresa privada que trabalha em parceria nos três últimos anos e busca destacar o índice de resgates de enxames por localidade por ano. Através de telefone foram recebidos os chamados considerando endereço, local de nidificação, altura e tempo de nidificação. Os dados foram expostos em gráficos facilitando a leitura dos resultados que mostram que Entre 2012-2013 houve um aumento de 28%, Entre 2013-2014 um aumento de 60% e estima-se com a média do aumento dos últimos anos para 2015 o aumento de 44% atingindo 307 resgates.

Palavras-chave: Resgate. Enxames. Abelhas. Grande São Paulo.

 

1. INTRODUÇÃO


O presente trabalho iniciou nos últimos três anos com o levantamento dos enxames resgatados em áreas rurais e urbanas na Grande São Paulo. Além da revisão de outras literaturas sobre resgate, ou captura de abelhas em áreas rurais e urbanas, esse trabalho mostra parte de chamados de socorro atendidos através da Associação de Apicultores de São Paulo, Parque Ecológico Cidade das Abelhas, outros apiários e empresas de dedetização.

Foram somados 405 resgates realizados nas cidades de São Paulo, Cotia, Osasco, Embu das Artes, Taboão da Serra, Itapecerica da Serra, Jandira, São Bernardo do Campo, Santo André, Porto Feliz, São Roque, Alphaville, Barueri, Cotia, Santana de Parnaíba, Franco da Rocha, Caieiras, Cajamar, Itaquaquecetuba, Mairiporã, Guarulhos, São José dos Campos no período de 2012 a 2014. As Cidades com menos de 1% de casos atendidos ao ano foram englobadas no grupo nomeado de outros.

No momento do chamado por telefone, identificamos as características do enxame para estipular o orçamento do serviço a ser prestado. Confirmada a realização do serviço agendávamos a data de resgate em dia de sol ou sem chuva o quanto mais cedo possível para evitar riscos principalmente em áreas urbanas. Já no local, dependendo da situação, características do enxame, foram utilizados, escada, lanterna, tigelas para mel, tigelas para favos de cria, sacos de lixo, panos de prato, facas, marreta, martelo, ponteiro, furadeira, maquita, motosserra, saco de transporte de abelhas, gaiola de rainha, vestimentas de proteção, fumigador, serragem. A contratação do serviço se referia apenas ao resgate das abelhas e não a reforma de paredes, forros, telhados e outros serviços terceirizados. Os enxames resgatados eram levados para área de proteção. Os enxames impossibilitados de serem resgatados eram repelidos ou exterminados.

O objetivo do trabalho é gerar dados sobre o resgate de enxames na Grande São Paulo. Ainda destaca a importância do resgate dos enxames das áreas rurais e urbanas prevenindo de acidentes mais graves com os enxames aos seres humanos.

 

2. MATERIAL E MÉTODOS

 

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTUDOS


Por meio da Associação de Apicultores, do Parque Ecológico Cidade das Abelhas e dedetizadoras, recebeu-se por telefone as solicitações de prestação de serviço para resgate das abelhas. O local dos estudos foi no Parque Ecológico, Cultural e de Lazer Cidade das Abelhas, localizado na Estrada da Ressaca, Km 07, Bairro Ressaca, Cotia – SP, com as seguintes coordenadas geográficas: 23º 41’17.96” S e 46º 54” 06.51” W, com altitude de 838 m.

 

2.2 METODOLOGIA DE ESTUDOS


A metodologia utilizada foi: Identificar as características do enxame para estipular o orçamento do serviço a ser prestado de acordo com endereço, se empresa, ou se residência, local de nidificação, altura e tempo de nidificação. Foi criado um modelo de ficha padrão para o leventamento dos dados do enxame e do cliente. Confirmada a realização do serviço, o agendáva-se a data de resgate, em dia de sol, ou sem chuva com o tempo firme, o quanto mais cedo possível para evitar riscos principalmente em áreas urbanas.

No local, dependendo da situação e características do enxame, utilizáva-se como material: escada, lanterna, tigelas para mel, tigelas para favos de cria, panos de prato, facas, marreta, martelo, ponteiro, furadeira, maquita, motosserra, saco de transporte de abelhas, gaiola de rainha, vestimentas de proteção, cinto de segurança, fumigador e serragem.

O porte dos enxames foi classificado de acordo com o número de favos de ninho: até três favos de crias enxame classificado como pequeno; de quatro a seis favos de crias enxame classificado como médio; à partir de sete favos de cria enxame classificado como grande.

A contratação do serviço se referia apenas ao resgate das abelhas e não a reforma de paredes, forros, telhados e outros serviços terceirizados. Os enxames resgatados eram levados para área de proteção. Os enxames impossibilitados de serem resgatados eram repelidos ou exterminados.

Para realizar a ação, acima de dois metros de altura, é necessáio o curso de NR – 35, determinado…

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES:


Do total das chamadas 30% confirmaram a contratação do serviço de resgate, pois pelo fato do serviço ter custo e ser cobrado um valor de acordo com as características do enxame, muitos desistiam da contratação.

De acordo com os dados registrados ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014 (Figura 3) foi realizado o levantamento dos enxames resgatados em áreas rurais e urbanas na Grande São Paulo, o que resultou nos gráficos que seguem abaixo:

Levando em consideração o grupo biológico Apis mellífera, no ano de 2012 foram atendidos 76 casos, em 2013 atendidos 97 casos e no ano de 2014 atendidos 144 casos. Já o grupo biológico de Abelhas Sem Ferrão foram atendidos 13 casos no ano de 2012, 7 casos no ano de 2013, 17 casos no ano de 2014. Marimbondos em 2012 foram atendidos 4 casos, em 2012 atendidos 16 casos e em 2014 atendidos 31 casos.

Os casos de abelhas Apis melífera se diferenciam em nidificados ou Não nidificados, isto é, se o enxame estava instalado ou somente parou para descansar durante a enxameação.

Foi feito também o levantamento do tempo em dias em que o enxame se encontrava instalado ao longo dos três anos. Maior parte dos casos atendidos os enxames se encontravam há 365 dias, seguido por 730 dias, depois 1095 dias seguido por um dia. (Figura 5) Os casos de um dia se referem a enxames não nidificados, isto é, enxameando. Com um ano de trabalho e produção o enxame já aumenta sua capacidade de defesa, nesse estágio começa a chamar a atenção de pessoas que estão próximas ou sempre passam por perto dos enxames.

Quanto ao local de nidificação do enxame segue abaixo gráfico que mostra os mais escolhidos pelos insetos. (Figura 6)

Em áreas urbanas os locais mais escolhidos foram residências térreas, maior parte em telhados, também em quintais e terrenos baldios. Segundo Free, J. B. Em (1980), relata que os enxames se abrigam em locais como, por exemplo, cobertura de garagem, árvores e outros locais. Esses locais escolhidos geralmente são forros de telhados, porões, cascas, muros ocos, móveis abandonados e outros.

Quanto a altura também como mostra o gráfico acima, é um fator importante para se estudar o comportamento das abelhas. Maior parte dos enxames ao longo dos três anos se instalaram há mais ou menos 2 m de altura, o que pode ser uma questão de segurança contra predadores identificada pelo enxame. (Figura 7)

Importante também quando se recebe a ocorrência é saber o tamanho do enxame. O gráfico abaixo mostra as condição do enxame de acordo com o porte ao longo de três anos. (Figura 8)

Os enxames de tamanho médio se destacaram em maior número ao longo dos três anos. Foram classificados aqui nesse trabalho como médio os enxames com quatro até seis favos de crias. Muitos dos casos as pessoas só se dão conta dos enxames em suas residências dentro de um ou dois anos quando o enxame atinge o tamanho médio e começa a ficar mais defensivo pela quantidade de mel estocado e filhotes para proteger. (Figura 8)

De acordo com SOS Abelhas, (2013), grande parte dos acidentes envolvendo abelhas no Brasil são com a espécie exótica Apis mellífera. Elas são reconhecidas como abelhas africanizadas (hibridos dos cruzamentos das raças européia com africanas). Por isso existe a Lei de Instrução normativa IBAMA n 141, de 19  de dezembro de 2006 que autoriza o extermínio. (Figura 9)

Segundo Melloa, (2003), et al., com seu estudo realizado entre 1994 e 1997 sobre ocorrências com enxames em São Paulo Capital, a fonte de dados foi constituída de 3.061 registros de solicitações da população atendidas pelo Centro de Controle de Zoonoses. Fizeram a correlação com variáveis climáticas. Para isso, utilizou-se o coeficiente de Pearson. Os valores diários apresentaram correlação positiva com temperatura média e grau de insolação, e negativa com umidade relativa e pluviosidade. O nosso gráfico a baixo mostra a quantidade em números de ocorrências ao longo de cada ano. (Figura 10)

O gráfico abaixo indica o aumento da quantidade de ocorrências atendidas de acordo com a localida ao longo de três anos. (Figura 11)

Em outra forma de gráfico colorido (Figura 12) se pode ter uma visão melhor das localidades mais atendidas. Marques, (1945) registrou que no Brasil, a apicultura teve início em 1839, com a chegada das abelhas da espécie Apis mellifeca ligustica e A. m. carnica. Creio que por mais que o apicultor faça o controle da enxameação de suas colméias, muitas conseguem migrar para áreas urbanas sem o apicultor perceber, o que ajuda a aumentar as ocorrências de abelhas Apis em áreas urbanas. Diniz et al., (1994), diz que consequentemente, nos últimos anos um grande número de enxames de abelhas africanizadas migrou para os centros urbanos. Com os resultados da presente pesquisa entende-se também que além dos enxames de áreas rurais, os enxames já instalados em áreas urbanas também crescem e com a necessidade de dividir enxameiam e migram de um ponto a outro dentro do mesmo raio da área urbana.

Já nos índices de quantidade dos resgates por localidade acumulado observou-se um aumento de resgate de enxames ao longo de três anos. Os índices de resgates de enxames mostram um aumento nas ocorrências no último ano (2014) em todas as localidades sendo a única exceção da localidade osasco. Por isso no acumulado, 2014 representa 47% dos índices de resgates na capital são paulo. (Figura 13)

Entre 2012-2013 houve um aumento de 28%, entre 2013-2014 um aumento de 60%. Se estimarmos uma média do aumento dos últimos anos para 2015, teremos um aumento de 44% atingindo 307 resgates, quase um enxame por dia. (Figura 14)

 

4. CONCLUSÕES


A cidade de São Paulo teve o maior número de resgate de enxames ao longo dos três anos, representado por 44% dos atendimentos, seguida pela cidade de Cotia com 15%, depois pelas cidades de Embu das Artes e Osasco com 5%, seguidas pela cidade de São Bernardo do Campo com 4%, em seguida pela cidade de Taboão da Serra com 3%, depois a cidade de Porto Feliz com 2% e o restante de cidades com menos 1% de atendimento foram agrupados no percentual de outros com 12%.

Observou-se um aumento de resgate de enxames ao longo de três anos. Os índices de resgates de enxames mostram um aumento nas ocorrências no último ano (2014) em todas as localidades sendo a única exceção da localidade Osasco. Por isso no acumulado, 2014 representa 47% dos índices de resgates. Entre 2012-2013 houve um aumento de 28% Entre 2013-2014 um aumento de 60%. Se estimarmos uma média do aumento dos últimos anos para 2015, teremos um aumento de 44% atingindo 307 resgates.

As causas para esses resultados podem estar ligadas ao crescimento desordenado das áreas urbanas, com o desmatamento desenfreado tanto clandestino como autorizado, ao reconhecimento do público com relação a prestação de serviço anunciada pela APACAME, Cidade das Abelhas e Dedetizadoras. No caso de Osasco, o centro de controle de Zoonoses se mostrou mais eficiente no atendimento das ocorrências.

 

5. FRASE


“Apesar de ser difícil o convívio com seres humanos, as abelhas Apis mellíficas africanizadas se adaptam muito bem em áreas urbanas”.

 

6. REFERÊNCIAS


DE JONG, D. Potencial produtivo das abelhas africanizadas em relação ao das abelhas européias. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, Campinas: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1990.

DINIZ, N. M. et al. Africanized honey bee council program. In: Ribeirão Preto City, São Paulo, Brasil. Am Bee J., Hamilton, v. 134, n. 11, p, 746-748, 1994.

Free, J. B. 1980. A organização social das abelhas apis, São Paulo: Edusp, 13,79p.

Mons. MARQUES, A. N., Apicultura em Marcha. 1ª. ed. Florianópolis: Dehon Ltda, 1989.

SOMMER, P. G. et al. Perspectivas da apicultura com abelhas africanizadas no contexto apícola mundial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE APICULTURA. … Florianópolis: Federação das Associassões de Apicultores de Santa Catarina, 2000.

SOS Abelhas, Remoção de Abelhas e Vespas. 2013. Disponível em: http://www.sosabelhas.com.br/informacoes.html. Acesso em 27 de outubro de 2015.