GUARAIPO,
UM REINO DE VÁRIAS RAINHAS

Professor Harold Brand, Biologo e Meliponicultor – denisebrandsano@hotmail.com

Os discos de cria em formação, onde ocorre a postura da rainha ou rainhas, ocupam a parte superior do ninho ao passo que os discos com as abelhas nascentes sempre ocupam a região inferior. Essa etologia particular da Guaraipo se explica pelo fato de que a medida que as abelhas nascem a estrutura remanescente é desfeita e os discos de cima “afundam”, no espaço formado.
Os discos de cria em formação, onde ocorre a postura da rainha ou rainhas, ocupam a parte superior do ninho ao passo que os discos com as abelhas nascentes sempre ocupam a região inferior. Essa etologia particular da Guaraipo se explica pelo fato de que a medida que as abelhas nascem a estrutura remanescente é desfeita e os discos de cima “afundam”, no espaço formado.

É uma peculiar família de abelhas da tribo meliponini, informação essa que nos faz lembrar que nos seus discos de cria, os alvéolos ou células de cria, são todos do mesmo tamanho, não existem indicativos dos quais eclodirão as rainhas, operárias ou zangões.

Linda abelha cuja tonalidade varia do amarelo até a grafite ou mesmo negra, o que contrasta com seus grandes «olhos» verdes e como marca «registrada” o seu abdômen aveludado com alternância de dois tons de cores.O que nos leva a seu nome oficial. Melipona bicolor.

Guaraipo, abelha muito dinâmica, mansa, não briga quando manipulada.

Sua população pouco numerosa compensa esse fator pela alta capacidade de trabalho, como prova disso são seus enormes potes de um delicioso e lnigualavel mel, que ressaltam as essências florais da região.Madrugam na busca do pólen e nectar, mesmo nos dias frios do rigoroso inverno sulino. São muitos eficientes, enquanto outras abelhas, inclusive a apís estão a mercê da fome. Elas mantem os seus «armazéns abarrotados».

Na fotografia, uma das rainhas fisiogástricas no centro de um Círculo, formado pelas operárias jovens, é a
Na fotografia, uma das rainhas fisiogástricas no centro de um Círculo, formado pelas operárias jovens, é a “corte”.

Essas abelhas despertam muito a curiosidade pela sua peculiar estrutura social, que geralmente conta com a presença simultânea de várias rainhas fisiogástricas facilmente visíveis sobre o disco de cria em formação. Mais ainda curiosamente, de tempo, em tempo, cada uma delas pode ocupar a posição central de um círculo, formado por abelhas novas, essa a sua “corte»

Daria para imaginar essa maravilhosa estrutura social de várias rainhas vivendo harmoniosamente, com uma outra corte de muitas «presidentas» em nossa Brasília?

Elas ainda se destacam das demais abelhas nativas da sua tribo pela disposição dos seus discos de cria.Os com abelhas eclodindo ocupam a posição inferior e os disco de cria em formação, onde ocorre a postura ocupam a parte superior do ninho.Nas outras espécies  da tribo ocorre alternância de posicionamento.

Apesar de todos esses predicados dessa abelha,no entanto, o seu horizonte temporal paira a nuvem negra da ameaça da extinção.

No reino das Guaraipos é comum a presença de várias rainhas fisiogástricas simultaneamente. Na foto 4 rainhas fisiogástricas.
No reino das Guaraipos é comum a presença de várias rainhas fisiogástricas simultaneamente. Na foto 4 rainhas fisiogástricas.

Em um futuro muito próximo poderemos levar nossos filhos ou netos a visitar um museu ou um laboratório de entomologia e aprecia-las apenas transpassadas por alfinetes, ladeadas por conservadoras bolas de naftalina, ornando o interior de mostruário das espécies que já habitaram o nosso planeta.

Os indícios do seu desaparecimento

Saudosos os relatos de pesquisadores do início do século  passado que mencionam a sua abundância na região da Grande Curitiba.Na atualidade só temos relatos muito esporádicos de algumas famílias no seu estado nativo no município de Andrianópolis,uma família em Campo Comprido, indicação da sua presença nas flores do municipio, Borda do Campo.Nos últimos vinte anos apenas uma família foi obtida em uma caixa de espera na região de Piraquara junto a Mata Atlântica. Fatos que justificam a sua inclusão na listas das espécies em extinção pelos órgãos oficiais.

Só não poderemos responder as gerações futuras porque o homem o único culpado, labutou tanto para exterminar essa abelha.

Seria porque ela:

É muito dócil e năo agride ninguém ?

Produz um saboroso mel cheio de predicados medicinais?

Elabora um própolis com muitas substâncias biologicamente ativas, que poderiam entrar na formulação de medicamentos ou produtos de beleza?

Constroem potes de pólen onde convivem bactérias e fungos que geram antibióticos e enzimas digestivas?

Por ser excelente polinizadora, elo importante na perpetuação das nossas plantas nativas?

Alguém poderia explicar porque estamos quebrando mais esse elo da natureza do nosso já castigado planeta terra?

Não é só o peso em si da extinção dessa polinizadora mas, o agravante da morte do elo amoroso entre as plantas, sem esse agente transportador gratuito do pólen , o recipiente das informações genéticas que mantém vivo o esplendor e a vitalidade de nossas matas.

Algumas memórias e tradições coletadas nas comunidades das regiões endemicas, dessas abelhas.

No seu habitat natural, a sua nidificação se da na base dos troncos (pé de pau) próximos aos rios, muitas vezes sujeitos a eventuais inundações. Na região de Andrianopolis, PR, onde ainda existe algumas nativas, os ribeirinhos contam que elas “prevem” a elevação do nível das águas, vedando com antecedência a abertura de entrada permanecendo até a volta ao nível das águas.

Um fato curioso ocorreu no nosso meliponário do xaxim, observamos o fechamento da entrada horas antes de ocorrer intensa chuva assim permanecendo vedada por vários dias.

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