A União Europeia bane
uso de pesticidas nocivos
às abelhas

Fonte: A Deutsche Welle.

Estados-membros concordam em proibir neonicotinoides, que danificam sistema nervoso central de insetos. Usadas na agricultura, substâncias são apontadas como responsáveis por declínio da população de abelhas.

Imagens da campanha dos apicultores na luta contra os neonicotinóides na União Europeia.
Imagens da campanha dos apicultores na luta
contra os neonicotinóides na União Europeia.

Os 28 Estados-membros da União Europeia (UE) concordaram, nesta sexta-feira (27/04), em proibir por completo o uso de três substâncias químicas usadas em pesticidas depois que um estudo científico descobriu que elas são prejudiciais às abelhas.

A Comissão Europeia havia recomendado a proibição depois de a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar concluir que as três substâncias – clotianidina, imidacloprida e tiametoxam, coletivamente conhecidas como neonicotinoides – danificam o sistema nervoso central de insetos, incluindo as abelhas.

As abelhas ajudam a polinizar 90% das principais culturas agrícolas do mundo, mas, nos últimos anos, têm morrido devido a uma “desordem que leva ao colapso das colmeias”, um misterioso flagelo atribuído a ácaros, pesticidas, vírus, fungos ou uma combinação desses fatores. Qualquer diminuição na população leva a preocupações econômicas e no fornecimento de alimentos.

EU-bane2“A saúde das abelhas continua sendo de extrema importância, uma vez que diz respeito à biodiversidade, à produção de alimentos e ao meio ambiente”, disse o Comissário Europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis. “Estou feliz que os Estados-membros votaram a favor de nossa proposta.”

Os citados componentes químicos já tinham sido restringidos pela União Europeia em 2013, como parte dos esforços para proteger as abelhas, e Bruxelas encomendou um relatório mais abrangente sobre os efeitos com a compilação de vários estudos disponíveis sobre o tema.

“Tremenda vitória para o meio ambiente”.

Espera-se que a medida entre em vigor até o fim do ano. O uso das substâncias será permitido em estufas, onde as abelhas não são expostas aos malefícios. A Pesticide Action Network (PAN), que é um grupo de organizações não governamentais que trabalham para minimizar os efeitos nocivos de pesticidas, afirmou que a decisão marca um dia histórico para a Europa.

“Autorizar o uso de neonicotinoides durante um quarto de século foi um erro e levou a um desastre ambiental”, disse Martin Dermine, diretor de políticas de Saúde e Meio Ambiente da filial europeia da PAN.

Grupos ambientalistas, que há muito tempo faziam campanha pelo banimento dos neonicotinoides, enalteceram a decisão.

“Esta proibição completa dos neonicotinoides, em todas as culturas ao ar livre, é uma tremenda vitórias para nossas abelhas e para o meio ambiente”, celebrou a ativista Sandra Bell, da organização Friends of the Earth Europe.

A rede de mobilização social global Avaaz afirmou que “proibir esses pesticidas tóxicos é um sinal de esperança para as abelhas” na Europa. “Finalmente, nossos governos deram ouvidos aos seus cidadãos, às evidências científicas e aos agricultores que sabem que as abelhas não podem viver com esses produtos químicos”, disse a ativista Antonia Staats.

Ao contrário dos pesticidas de contato (que permanecem na superfície da folhagem), os neonicotinoides são absorvidos pela planta na fase de semente a transportados para folhas, flores, raízes e caule. Os neonicotinoides têm sido amplamente utilizados nos últimos anos e foram projetados para controlar insetos que se alimentam de seiva, como afídeos (piolhos-de-planta) e larvas que corroem raízes.