O USO DA PRÓPOLIS PODE SER UM ALIADO NO TRATAMENTO DE DOENÇAS GASTROINTESTINAIS
A própolis é um produto natural, que tem sido utilizado a milénios na medicina tradicional em todo o mundo. Atualmente, consolidada na literatura científica por suas propriedades antimicrobianas, antioxidantes, anti-inflamatórias, imunoestimulantes e antiproliferativas, a própolis tem sido amplamente empregada no tratamento de diversas doenças, inclusive aquelas que afetam o trato gastrointestinal.
Diversos estudos, utilizando modelo animal e clínicos com humanos, mostram que a própolis tem efeito gastroprotetor e potencial benéfico no tratamento de diversas doenças gastrointestinais, como: mucosite, colite, gastrite, úlcera péptica, estomatite aftosa e até mesmo câncer de estômago e intestino; com a maioria dos estudos sendo realizados principalmente com a própolis brasileira verde e vermelha.
Em especifico, estudos mostram que o uso da própolis ajuda a prevenir e tratar úlceras gástricas, sendo observada a redução significativa no tamanho das úlceras, melhorias na histologia da lesão e na resposta imunológica local.
A eficácia da própolis no tratamento de distúrbios gastrointestinais pode ser atribuída às suas propriedades: antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas. Mais especificamente, como um composto com ação antioxidante a própolis contribui para a redução do estresse oxidativo e para a proteção contra danos nas células do trato gastrointestinal.
Já através dos seus efeitos anti-inflamatórios a própolis pode reduzir a inflamação no trato gastrointestinal, proporcionando alívio para condições inflamatórias como a colite ulcerativa e a doença de Crohn.
Por outro lado, a propriedade antimicrobiana da própolis pode ajudar a combater bactérias nocivas no trato gastrointestinal, contribuindo para o equilíbrio da flora intestinal. Vale destacar, que vários estudos pré-clínicos recentes demonstraram que própolis, de diferentes origens, apresentam efeitos inibitórios no crescimento de bactérias da espécie Helicobacter pylori (também denominada de H. pylori).
Tal patógeno é encontrado no trato gastrointestinal humano, principalmente no revestimento do estômago, e é associado ao desenvolvimento de várias doenças, como: gastrite, úlceras pépticas e até mesmo câncer de estômago.
Estudos também indicam que a própolis pode reduzir o volume do suco gástrico e sua acidez (atividade antiácida), além de estimular e aumentar a produção de muco gástrico, conferindo proteção à mucosa gástrica.
Em sinergismo, os efeitos antioxidantes (que atua neutralizando os radicais livres e reduzindo o dano oxidativo), antimicrobiano (que abrange uma variedade de agentes patogênicos) e a modulação das respostas inflamatórias local pela própolis também contribuem para um ambiente mais propício à regeneração/cicatrização celular, promovendo uma recuperação mais rápida e eficaz de lesões teciduais existentes.
Além disso, a própolis também demonstrou estimular a proliferação celular, acelerando assim o processo de reparo tecidual (efeito cicatrizante).
Em suma, uma vez que os tratamentos farmacológicos convencionais para as doenças que afetam o trato gastrointestinal incluem medicamentos de altos custos e/ou com reações adversas significativas — e até mesmo com risco de resistência como no caso dos antibióticos — a própolis apresenta-se com uma abordagem terapêutica valiosa para a prevenção e tratamento dessas doenças.
No entanto, é fundamental que o uso da própolis em doenças gastrointestinais seja acompanhado de um estilo de vida saudável e também da orientação e acompanhamento médico.
Referências
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