45º Congresso Mundial da Apimondia
Radamés Zovaro – Empresário apícola e Diretor Tecníco da APACAME
Estivemos mais uma vez participando do Congresso Mundial da Apimondia, desta feita o 45º Congresso Internacional de Apicultura, (45th Apimondia Intenational Apicultural Congress), realizado na cidade de Istanbul, Turquia, ocorrido entre os dias 29 de setembro a 04 de Outubro de 2017.
A Turquia é o segundo maior produtor de mel do mundo, atingindo uma produção anual de 81.115 ton/ ano.
O Congresso foi um dos melhores que assisti ultimamente, com ótimas palestras, uma feira de materiais muito boa, quantidades enormes de expositores e uma visita técnica que me lembrou um passado de mais de 60 anos, quando no Brasil nós tínhamos uma apicultura no quintal de casa com abelhas mansas, (Apis Mellifera Ligustica – também conhecida como abelhas italianas).
O Brasil se fez representar com dois palestrantes – Prof. Leonel Segui Gonçalves, apresentando dois temas: “Ser ou não ser” de W. Shakespeare foi muito discutido, mas, “Abelhas ou não Abelhas” é hoje a maior questão da agricultura mundial. A segunda palestra apresentada foi “Evolução da atuação da ventilação das Abelhas Africanas em colmeias sob condições de sol e sombra no semiárido do Nordeste Brasileiro”.
O segundo palestrante foi o Prof. Cristiano Menezes, funcionário da Embrapa, comentando os seguintes temas: – “As Abelhas sociais brasileiras devem cultivar fungos para sobreviverem”, e a segunda palestra foi: “Multiplicação de colônias e gerenciamento de abelhas sem ferrão para uso no serviço de polinização no Brasil”.
Na área de exposições uma grande quantidade de materiais e equipamentos foram apresentados com expositores da Turquia, China, Coreia, Polônia, Brasil e outros países da Ásia e Europa. O Brasil estava representado por empresas que comercializam mel e própolis para o mercado internacional.
Algumas empresas chamaram a atenção, como a Apimaye Aricilik Ekipmani, instalada na Turquia, apresentou uma linha completa de materiais e equipamentos de altíssimo nível, com um catalogo de 120 paginas contendo todas linhas de matérias necessários para o trabalho na apicultura e no artesanato, como produção de velas de cera de abelha por exemplo. Outra empresa de materiais apícolas que também chamou atenção foi e Lyson, uma empresa Polonesa, com uma linha fantástica de materiais, equipamentos e produtos para o artesanato apícola também. Para descrever toda a exposição daria para ocupar um grande espaço, porque todos os expositores apresentavam produtos de grande interesse, porem duas empresas ofereceram algo que até o momento nunca tinha visto em outros Congressos que participamos, foi exatamente o aparelho de Inseminação Artificial de Rainhas, assunto que normalmente é discutido nas Universidades, e pelo que se percebe esta começando a ser usado também pelos apicultores, com a finalidade de melhorar as condições das abelhas, mantendo Rainhas com altas posturas e uma genética melhor com relação a produtividade e agressividade das abelhas. Notamos evidentemente e deu para perceber que os apicultores estão procurando melhorar mais as condições das abelhas no tocante a qualidade, mansidão e produção.
Com relação aos concursos do Congresso, mais uma vez o Brasil foi representado e com muito sucesso pela empresa Prodapys Exportadora, localizada em Santa Catarina. (Quadro 1).
Parabenizamos a empresa que tem obtido ótimos prêmios em Congressos Internacionais, promovendo a apicultura brasileira no que diz respeito a qualidade e sabor dos nossos produtos.
No ultimo dia do Congresso fizemos a visita técnica, visitamos o maior entreposto de mel da Turquia, empresa denominada Balparmak. Fomos muito bem recebidos, foi nos fornecido um coquetel. O presidente do Entreposto fez uma pequena explanação e nos convidou para visitar as instalações. Seguimos por um corredor todo envidraçado, porem só vimos as instalações do Laboratório da empresa. Não vimos nada de mel a não ser no brinde que nos ofereceu. Seguindo a visita técnica, visitamos um apiário instalado em uma área verde, onde tinha aproximadamente umas 500 (quinhentas) colmeias, todas sem melgueiras ou sobre caixas, uma vez que já acabou a época da florada. Na Europa já é Outono. Acreditamos haver umas 400 pessoas presentes e todas tiveram liberdade para circular nos mais diferentes pontos da área, abrindo as colmeias sem fumaça e também sem mascaras, fotografando, conversando e mostrando os quadros com abelhas e muito mais. Normalmente na Turquia eles mantem as Apis Mellifera Caucasica e a Apis Mellifera Anatolica, que são abelhas da cor preta e mansas. Me lembrou muito a minha infância como citei acima. Também estava na área um caminhão carregado com 192 (cento e noventa e duas) colmeias com abelhas, preparado para o transporte. Realmente a visita ao apiário foi ótima pela liberdade que tivemos de circular em toda a área. Finalizando a viagem, fomos almoçar em um bairro, onde nos foi oferecido almoço, servido em uma rua contendo mesas e bancos ao ar livre. Foi um ótimo Congresso e esperamos poder aplicar algumas coisas em nossa apicultura, que infelizmente esta longe da realidade mundial.
Uma coisa que achei muito interessante, ligado a apicultura é a quantidade de lojas de doces existentes na cidade e todas elas apresentando o mel envasado e mel em favos, favos esses em vários formatos, retangular, quadrado e redondo como um circulo. Nos hotéis que o grupo da APACAME se hospedou, em todos no café da manhã, o mel em favo se fazia presente. Ou seja, na Turquia existe o hábito natural de consumir mel, seja liquido ou em favo.
Complementando, apresentamos os dados sobre a Produção de mel, fornecido pela entidade “Bee or not tobee”. Quadro 2.
Isso vem demostrar que o Brasil infelizmente esta longe da realidade, com relação a produtividade apícola. Precisamos melhorar muito, para poder galgar lugares melhores em relação a produção mundial.