Apiterapia

Dr. Mikhael de Mattos Marques

FiguraApiterapiaA Apiterapia (api = abelha) representa o uso medicinal dos produtos (mel, pólen, própolis, geleia real, cera e veneno) da abelha doméstica (Apis mellifera). Tem sido praticada desde tempos imemoriais. Os egípcios usavam o mel como agente desinfetante em aplicações externas, os chineses relataram seu uso há mais de 3.000 a.C., Hipócrates recomendava o mel como medicamento universal e seu colega Galeno escreveu sobre tratamento com o veneno da abelha Apis mellifera, Carlos Magno, no século VIII, foi tratado com ferroada de abelha para combater inflamações articulares, Dr. Samuel Hahnemann, fundador da Homeopatia, em 1779, anexou a Apis mellifera no seu repertório medicamentoso; e atualmente é muito praticada no leste europeu, tanto que no Congresso Internacional de Apiterapia, realizado anualmente na Alemanha (Passau), recebe cada vez mais interessados nessa antiga arte de curar.

Muitos profissionais da saúde começam a usar a Apiterapia e alguns nomes estão consagrados: Dr. Theodore Cherbuliez, presidente da American Apitherapy Society, Dr. Stefan Stangaciu, presidente da Sociedade de Apiterapia Alema e Romena e Luiz Pereira da Silva, o Tim, famoso e conceituado Apiterapeuta de Juiz de Fora.

No mundo moderno o veneno da abelha doméstica encontrou largo emprego no tratamento da artrite reumatoide e de outras doenças inflamatórias e degenerativas. Com relação ao veneno da abelha, pode ser usada na forma injetável ou via oral, também nos medicamentos homeopáticos, antroposóficos e homotoxicológicos. Muitos insetos têm aguilhões venenosos, mas devido ao fato da abelha ter sido domesticada, é fácil seu manejo. Cerca de 95% da população não é alérgica à picada de abelha, é a vespa que normalmente causa reações alérgicas. A primeira aplicação, quando o paciente não teve contato prévio com o veneno, é segura, uma semana depois pede-se o exame de sangue com a dosagem de IgE específico para veneno da abelha, com o objetivo de avaliar se o paciente poderá ou não continuar com o tratamento. No caso de se obter resultado deste exame muito alterado, procede-se à dessensibilização com Apis e Aurum, v.o., desintoxicação e creme com veneno de abelha. Rudolf Steiner recomendou o “uso de mel para idosos e para crianças raquíticas”1 e o “veneno de abelha para pessoas com a Organização do Eu enfraquecida”2, como para pacientes com “gota”3, “reumatismo”4 e “problemas cardiológicos”5.

VENENO

Todas as substâncias
são ao mesmo tempo:

veneno e medicamento; depende apenas
da dose administrada

Paracelsus

A jovem abelha operária que acaba de sair de seu alvéolo é quase desprovida de veneno (apitoxina). Progressivamente, a sua reserva de veneno aumenta e atinge o seu máximo com a idade de 15 dias.

Segundo Steiner seria insensato sonhar com uma medicina atóxica, pois até a alimentação é a passagem

do ritmo de uma intoxicação leve a uma desintoxicação.

Pelo tempo de uso da Apiterapia, vários pesquisadores já demonstraram que é possível reverter a evolução de várias doenças, sem ocorrência de efeitos colaterais. Mesmo nesta Clínica Antroposófica, com pouco tempo de uso, os resultados tem sido promissores, com muitos casos clínicos resolvidos, como tratamento complementar à conduta clássica medicamentosa.

O veneno da abelha apresenta mais de 70 componentes, sendo alguns dados relevantes: 100 vezes mais potente como anti-inflamatório do que a hidrocortisona, em testes realizados em ratos com artrite (Nature, Nov. 1974), maior efeito anti-inflamatório que a ciclofosfamida (Weissman) e no caso da esclerose múltipla, há melhora clínica ou estagnaçao da doença. O número de sessões de aplicações depende da doença do paciente e do estadiamento da doença. Eis alguns componentes mais conceituados:

Melitina: é um peptídeo biologicamente ativo, responsável por mais de 50% dos componentes do veneno. É o gerador da inflamação, abaixa a PA (pressão arterial) e previne a coagulação sanguínea. É bactericida e imunoestimulador. Mesmo sobre o sistema nervoso central, em pequenas doses, atua como anti-inflamatório. Apresenta citotoxicidade acentuada em células cancerígenas. Estimula a pituitária a liberar ACTH, a qual estimula as supra-renais a produzir cortisona. É a responsável pela dor e prurido.

Apamina: bloqueia os canais de cálcio dependente de potássio. Reforça a transmissão sináptica a longo prazo.

Hialuronidase: dissolve o ácido hialurônico que liga as células, tornando assim mais permeável o tecido ou o espaço extra-celular, no sentido de facilitar o transporte de substâncias curativas e a eliminação de resíduos ou das substâncias tóxicas da área afetada.

Dopamina (neurotransmissor): aumenta a atividade motora e prazer. Dopamina é deficiente no Parkinson e excessiva no psicótico. Juntamente com a serotonina e outras catecolaminas estão relacionadas com a depressão.

Adolapina: tem ação analgésica.

Etc.

As indicações clássicas para seu uso:

Pele: eczema, psoríase, úlceras tópicas, verrugas.

Virais: herpes simples, verrugas, HIV.

Reumatológicas: artrite reumatóide, artrite traumática, espondilite, artrite psoriática, bursite.

Cardiovascular: hipertensão, aterosclerose, varizes.

Pulmonar: DPOC, asma, bronquite.

Sistema Auditivo: otoesclerose.

Ortopedia: estimula a osteogênese

Psicologiagia: ansiedade, depressão e pânico.

Sistema nervoso: analgésico.

Anti-cancerígeno: imunoestimulante e agente protetor contra o Raio X (Shipman, publicado na revista Nature, 1974)

PÓLEN

O Pólen corresponde ao gameta masculino das flores, coletado pelas abelhas que o armazena em suas corbículas (reservatório em forma de concha localizado no último par de patas) e o transportam para a colméia.

O pólen contém todos aminoácidos essenciais à vida humana. “A aparência do pólen é a de um pó muito fino e colorido, de odor e sabor característicos de cada espécie vegetal. Estão presentes nas anteras das flores, onde existem dezenas e até centenas de grãos microscópicos. A forma, o tamanho e o desenho da camada externa chamada exina é padrão para cada espécie vegetal. Ou seja, ele pode ser usado para identificar o mel da abelhas, observando-se o pólen retirado de amostras de mel em lâminas para microscopia”.6

O pólen absorve muito agrotóxicos, fertilizantes, pesticidas, por isso torna-se fundamental utilizar um pólen que seja coletado em área que nao seja tratada com esses produtos. Como garantia usamos o pólen organico, da MN Própolis®.

MEL

Aristóteles disse que “o mel é uma substância que cai do ar, sobretudo por altura do nascimento dos astros e quando se forma o arco-íris. Em geral não há mel antes do nascer das Plêiades”7. O mel é proveniente do nectar das flores que são coletados pelas abelhas e levado à colméia. Depois é passado de abelha a abelha, sendo esse processo necessário para retirada da água e adição de enzimas, principalmente a invertase, que transforma ¾ da sacarose inicial nos açúcares glicose e frutose; ou seja, são transformados carboidratos complexos em simples. Quando esse processo termina as abelhas o estocam nos favos, estruturas hexagonais formadas de cera e continuam acrescentando enzimas e retirando água, até que o mel esteja „maduro‟. Só então as abelhas fecham o favo com cera especial, o opérculo. A colméia apresenta em seu interior uma temperatura constante em torno de 36oC e ausência de luminosidade. Os apicultores coletam o mel maduro que está pronto para o consumo. O mel deve ser guardado em local fresco, não acima de 36oC e no escuro, pois é foto-termosensível. Ele tende a cristalizar, dependendo de sua composição química (quanto mais sais minerais, glicose e menos frutose, o mel tende a se cristalizar mais facilmente). Se sofre aquecimento, libera Hidro Metil Fulfural (HMF), que é a hidrólise da frutose e a perda das demais características químicas do mel, incluindo a desnaturação da invertase. Muitos usuários e apicultores aquecem o mel para torná-lo líquido, mas isso pode ser considerado „um crime‟ com esse alimento dos Deuses. Por isso damos preferencia para méis não aquecidos, nem filtrados sob pressão; orgânico.

“Ao ingerir mel de abelha, os senhores recebem dentro de si uma enorme fonte fortalecedora”8. E finaliza: “o veneno de abelha é um curativo extraordinário”9.

Notas

1 – Steiner, 2005, p.75.

2 – Idem, p.136.

3 – Idem, p.137.

4 – Idem, p.138.

5 – Idem, ibidem.

6 – Milfont, 2011, p.18.

7 – Aristóteles, 2008, p.238.

8 – Steiner, 2005, p.80.

9 – Idem,175.

Bibliografia Específica

Aristóteles, História dos Animais. Rio de Janeiro : Branca Vilallonga. 2008.

Brodman, J.B.V. The Natural Curative for Arthritis and Rheumatism. New York : Putman e Sons, 1962.

Chang, Y. H. e Bliven, M. L. Agents Actions,9:205-11.1979.

Eiseman, J.L. et al. Biochem. Pharm., 31: 1139-46. 1982.

Milfont, M.O. Pólen apícola. Viçosa : Aprenda Fácil, 2011.

Päunescu, C. Rev Chir Oncol Radiol O R L Oftalmol Stomatol Otorinolaringol. 1982 Apr-Jun;27(2):137-42.

Schmidt, J.O. Toxicon, 33 (7) :917-27.1995).

Steiner, R., Abelhas, apicultura a partir do respeito pela vida, São Paulo : Micael, 2005

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Teles, História dos Animais. Rio de Janeiro : Branca Vilallonga. 2008.

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Steiner, R., Abelhas, apicultura a partir do respeito pela vida, São Paulo : Micael, 2005.

Dr. Mikhael de Mattos Marques

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