Como será 2018 na Apicultura

Radamés Zovaro – Empresário Apícola e Diretor Técnico da APACAME

Como será?

Em 2017 a nível mundial tivemos o 45ª Congresso Mundial de Apicultura, promovido pela APIMONDIA, realizado na cidade de Istambul situada na região Europeia da Turquia. Foi o melhor Congresso que assisti, tanto na parte de palestras, como na feira e na visita técnica.

Parabéns aos organizadores do evento, por proporcionar um Congresso desse nível.

Com relação ao Brasil, tivemos um ano de muita turbulência em função de varias coisas que aconteceram tanto no campo politico como no setor apícola, principalmente no que diz respeito ao prejuízo sofrido pelos apicultores com a mortandade das abelhas promovida pelas pulverizações aéreas aplicadas nas lavouras, e consequentemente a própria natureza que esta sendo destruída pelo homem. No Estado de São Paulo as nossas florestas estão sendo ocupadas pelos Canaviais, em outros estados pela Soja e assim por diante. A natureza é bela, mas o homem com a sua ganância continua destruindo tudo.

Em São Paulo, temos o Deputado Padre Afonso Lobato, com um projeto de Lei na Assembleia Legislativa proibindo o uso da pulverização área no Estado de São Paulo, porém o que percebemos é que a força do poder tanto das empresas fabricantes dos produtos químicos, representado no ato pela Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal, assim como o Sindicato das Empresas aéreas tem feito de tudo para evitar a proibição. O que é lamentável que os sindicatos sempre joguem (pelo menos nas reuniões que temos participado) a culpa em cima do fazendeiro. Ele é o culpado (Sindicato). O que observamos é que em outros países existe também o problema e cada um procura resolver com os interesses que cada pais têm com relação à população, que evidentemente é a maior prejudicada, além da fauna e a flora. Na Europa, por exemplo, têm pais que está totalmente proibido o uso de determinados tipo de produtos químicos o que infelizmente no Brasil é totalmente liberado.

Isso sem duvida nenhuma é uma situação bastante preocupante, primeiro por causa da forma indevida da aplicação, e segundo pela quantidade absurda de produtos aplicados ao mesmo tempo, culpa do elemento responsável da fazenda que elabora as receitas dos produtos a serem aplicados.

Com relação à forma indevida da aplicação, lamentavelmente o que temos observado é que essa aplicação é feita a uma determinada altura, e de acordo com a velocidade do vento faz com que, certa quantidade do produto se espalha atingindo regiões fora da área delimitada para receber a pulverização do produto aplicado. Isso evidentemente afeta toda a flora e fauna que esta no entorno da área plantada além de pessoas que moram na vizinhança. Esse problema esta afetando e prejudicando muito o meio ambiente da região, além da informação que temos que muitas pessoas que estão no entorno, estão sendo vitimas da doença de Câncer, que evidentemente pode ser provocado por essa pulverização.

Além de todos esses problemas, quem tem sofrido muito com a mortandade das abelhas, trazendo um prejuízo grande é, lamentavelmente, o próprio apicultor, pois além de perder as abelhas e muitas vezes as próprias colmeias por terem sido contaminadas pelo agrotóxico, ele fica na duvida de abrir um processo na justiça por perdas e danos que sem duvida o impediria de instalar no ano seguinte o seu apiário nas proximidades.

Infelizmente as Entidades Apícolas, Associações, Federações e a própria Confederação Brasileira de Apicultura, estão estagnadas com relação a essa situação. Pelo menos não temos tido dessas entidades informações de reuniões de grupos de apicultores para discutir o assunto (exceção a APACAME que tem participado das reuniões na Assembleia Legislativa, e publicado na revista Mensagem Doce informações a respeito do assunto).

Lamentamos muito essa situação, porque além do prejuízo financeiro dado ao apicultor, essa mortandade como dissemos, não elimina só as abelhas da linhagem Apis, mas também as Melíponas (abelhas sem ferrão) que no Brasil existem mais de 300 espécies nativas além, de outras espécies de abelhas solitárias, e outros insetos como borboletas, pássaros e outros insetos ou mesmo animais.

Outro grande problema que esta ocorrendo, é a baixa venda de mel exportado, parece que houve um recuo de preço do mel violentamente para o apicultor. O mel que estava sendo comercializado na faixa de R$. 12,00 o kg em 2017, tivemos a ultima informação no começo de janeiro de 2018 estava cotado a R$. 9,00 o kg, portanto uma queda bastante acentuada para o apicultor que além do prejuízo pela mortandade das abelhas, agora tem mais o que pensar em função da queda do faturamento.

Este ano teremos a realização do XXII Congresso Brasileiro de Apicultura e VIII Congresso Brasileiro de Meliponicultura que será realizado na cidade de Joinvile, Estado de Santa Catarina nos dias 16 a 19 de maio de 2018. É o quarto Congresso Brasileiro que o Estado de Santa Catarina realiza e tivemos a felicidade de participar dos três anteriores, espero poder participar do próximo.

É também importante que nesse Congresso possamos mostrar melhores condições na apicultura, encontrando meios para aumentar a nossa produtividade, galgando postos mais atraentes no cenário internacional.

O estado de Santa Catarina, hoje é o maior produtor de mel do Brasil, esperamos que possamos tomar conhecimento dos processos que são usados para se aproximar também desse objetivo.

O Brasil tem uma área territorial muito grande e sem duvida tem condições de alcançar maiores objetivos com relação à produção de produtos apícolas.

Precisamos ter uma consciência mais profissional no trabalho com as abelhas e com isso melhorar a nossa produtividade, ganhar mercado no âmbito internacional e porque também não fazer uma campanha a nível Brasil para aumentar o nosso consumo interno dos produtos apícolas.

A esperança é a ultima que morre Feliz 2018.