Abelhas Nativas
 
 

ABELHA BORÁ
(Tetragona clavipes) (Fabricius)

Texto: Waldemar Ribas Monteiro, conservacionista, membro do Departamento de Abelhas Indígenas da APACAME.


    Conhecida popularmente por Jataizão, vorá e Cola-Cola.

    Também é conhecida pelos índios da Reserva do Xingú, onde são encontradas em abundância.

    Os índios Yudja as conhecem por Watawila, os Ikipeng ( Kticao) por Amputxigagem, os Suiá por Simbretx, e os Kaibi, por Tapemon.

    Diz a lenda que: Borá significa substância amarela e amargosa encontrada nos cortiços dessa abelha, possivelmente por se notar grande quantidade de samora, saburá ( pólen) que elas armazenam em seus ninhos.

    Abelha da família dos Meliponídeos, seu nome original vem do Tupi: Heborá ( que traduzindo quer dizer: O que há de ter mel).

    No Estado de São Paulo ainda é possível encontrá-las em algumas regiões.

    Segundo DUCKE ( 1916-1945: 49-54) e SCHWARZ ( 1938: 471,472), o limite Norte dessa espécie é a região das Guianas; ao sul no norte do Paraná( Paulo Nogueira Neto 1970: 63,64).

    Nidifica em ocos de árvores, de preferência vivas. Na região do Rio Xíngu e Suiámissu encontrei grande quantidade de ninhos em Pequizeiros ( Pequi) (Caryocar brasiliense)

    As colônias são bastanre populosas, muito agressivas, depositam própolis sobre as pessoas que examinam os seus ninhos, isto quando suas colmeias são abertas. Apesar disso, algum tempo depois, digamos 20 ou 30 minutos é possível trabalhar com elas sem véu.

    Nos ninhos que tenho encontrado, na grande maioria, os favos de cria encontram-se construídos em forma helicoidal, em caracol, e é revestido com um invólucro de cerume, mais ou menos regular.

    A entrada do ninho não é muito grande, e possui em seu derredor, camadas não muito espessas de própolis endurecido. Os potes de mel e pólen são de tamanho médio, em torno de 3 centímetros de altura.

    A própolis encontrada é viscosa. Por ser um Trogonini constrói células reais. No Xingú, mais precisamente na aldeia Pequizal, capturei um ninho que possuia 8 ( oito) realeiras, fato inédito para mim.

    Não notei hábitos sujos nessa abelha, pois a encontrei pousando tão somente em flores. Seu mel é um pouco azedo.

    Numa transferência ou captura dessa abelha, é preciso o maior cuidado, pois são bastante suscetível ao ataque da mosca vinagreira (Forídeo). Os potes de pólen devem ser transferidos sem a menor abertura, ou rachaduras, ou é melhor não transferir pólen algum.

    Se  esse cuidado não for tomado, as larvas da mosca destruirão toda a colônia.

    Para a divisão de uma colônia de Borá, devemos escolher famílias fortes, e que tenham grande quantidade de alimento estocado.

    Por fim, jamais devemos deixar a colmeia aberta por muito tempo.


 
 

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