RESUMO
Entre os produtos apícolas, o pólen se destaca por sua qualidade nutricional e propriedades terapêuticas. Portanto, a utilização de pólen em produtos alimentícios trará ganhos nutricionais, além de proporcionar sabor diferenciado ao paladar do consumidor. O objetivo desta pesquisa foi testar a aceitação de biscoito tipo sequilho contendo diferentes proporções de pólen e gerar informações tecnológicas que contribuam para a exploração do pólen por indústrias de biscoitos. A análise sensorial foi por meio de Teste de Aceitação em que 63 provadores avaliaram as três amostras de biscoito e deram notas utilizando a Escala Hedônica de nove pontos, de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo). Os dados foram submetidos à Análise de Frequência e à Análise de Regressão. Obteve-se os seguintes resultados: o teor de umidade final dos biscoitos não variou significativamente com a % de pólen e foi de 3%, base úmida. Com a análise das freqüências, verificou-se índice de aceitação (soma das freqüências das notas de 6 a 9) de 100%, 85,7% e 71,4% para 0%, 1,5% e 3% de pólen respectivamente. Ajustou-se um reta y = -0,7041x + 8,3. A nota de aceitação (y) caiu com o aumento da proporção de pólen (x), variando de 8,3 (gostei muito) para o biscoito com 0% de pólen até 6,2 (gostei ligeiramente) para o biscoito com 3% de pólen. Segundo o modelo, pode-se adicionar até 0,4% de pólen sem que a nota de aceitação do biscoito caia de 8 (Gostei muito). Os resultados obtidos indicaram que a aceitação do biscoito cai com a adição de pólen, mas pode-se adicionar até 0,4% de pólen sem prejudicar a aceitação e ao mesmo tempo produzir um produto de sabor diferenciado, inovador e mais nutritivo.
INTRODUÇÃO
A apicultura brasileira tem conseguido um incremento muito grande nos últimos anos e, conseqüentemente têm-se observado um aumento na produção de mel, própolis e pólen. Esta atividade em nosso país, quase sempre, e desenvolvida como uma alternativa secundária em formações vegetais naturais em campos de formação antrópica e algumas vezes nas de culturas de maçãs, caju e citrus, (Schause, 1994). Diversificar a produção apícola com a exploração dos produtos das colméias é mais uma alternativa capaz de gerar renda e melhorar as condições de vida do homem do campo.O pólen é a principal atração para muitos polinizadores. As abelhas necessitam de pólen para seu crescimento normal, ele fornece metade das necessidades nutricionais das abelhas, sendo importante suprimento de carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e minerais na dieta de muitos visitantes de flores. Segundo,Funari, et al. (2003), é o resultado da aglutinação do pólen das flores efetuado pelas abelhas operarias mediante néctar e suas substâncias salivares. (Dadant 1975) relatou que a utilidade do pólen apícola como um suplemento na dieta humana, tem sido abordado desde muito tempo principalmente pelos defensores de alimentos naturais. No entanto, é necessário cuidados especiais com a finalidade da obtenção da qualidade total do pólen apícola. Na alimentação humana, ele pode ser adicionado à dieta sendo adicionado em sucos, vitaminas, iogurte etc. É usada para combater o esgotamento físico e mental, hipertensão, queda de cabelos, envelhecimento precoce, nervosismo, insônia, falta de memória, arteriosclerose, menopausa, impotência sexual, infecção na próstata, atraso de crescimento.
Cientistas americanos consideram que é um alimento rico em ácido nucleico e pode estimular a produção de células, prevenindo assim a senilidade e o aparecimento de várias doenças crônicas (Silva,1994).O cientista Japonês Dr. Saiton, segundo,(Silva,1994), escreveu que "no passado", o tratamento da prostatite demorava um longo tempo devido as repetidas reincidências. O uso de preparados de pólen melhoram rapidamente os sintomas com uma eficácia de mais de 80% dos casos. A utilização do pólen por via oral é especialmente indicada para crianças e jovens em crescimento, gestantes, mães amamentando, esportistas e pessoas submetidas a situações de grandes exigências intelectual ou física e convalescentes. (Silva, 1998), informou que o pólen coletado pelas abelhas é o alimento mais completo e valioso da natureza. Hoje em dia há uma grande necessidade do ser humano em busca de melhor qualidade de vida, assim, utilizam o alimento como sendo o principal veiculo para esta obtenção. A disponibilização, no mercado de um produto alimentício contendo pólen, só tem a acrescentar e tornar-se um produto inovador.
MATERIAL E MÉTODOS
Na metodologia, utilizou-se uma formulação de biscoito sequilho contendo 39% de amido de milho, 12% de gema de ovo, 20% de manteiga, 19% de açúcar refinado, 10% de leite tipo C. Sobre a massa total da mistura desses ingredientes, calculou-se a massa de pólen a ser adicionado à mistura. O pólen de Apis mellifera foi adicionado nas proporções de 0, 1,5 e 3% p/p (três tratamentos estatísticos). Foi utilizado pólen sua forma granular natural produzido na região de Olivença - BA, cujo teor de umidade estava a 3,5% base úmida. Seguiu-se às etapas de mistura, corte, moldagem, assamento (120 C), resfriamento e embalagem. Todo esse processo foi repetido por três vezes (repetições estatísticas). As repetições por tratamento foram reunidas em amostras compostas e foram então submetidas às análises físico-química (teor de umidade) e sensorial. A umidade foi determinada em estufa a 80°C, até peso constante. A análise sensorial foi por meio de Teste de Aceitação em que 63 provadores avaliaram as três amostras de biscoito com pólen e deram notas utilizando a Escala Hedônica de nove pontos, de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo). Os dados foram submetidos à Análise de Freqüência e à Análise de Regressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Obteve-se os seguintes resultados: o teor de umidade final dos biscoitos não variou significativamente com a % de pólen e foi de 3 %, base úmida. Com a análise das freqüências, verificou-se índice de aceitação (soma das freqüências das notas de 6 a 9) de 100%, 85,7% e 71,4% para 0%, 1,5% e 3% de pólen respectivamente. Estes índices são bastante promissores. Segundo o modelo matemático da Figura 1, a nota de aceitação (y) caiu com o aumento da proporção de pólen (x), variando de 8,3 (gostei muito) para o biscoito com 0% de pólen até 6,2 (gostei ligeiramente) para o biscoito com 3% de pólen. Calculando-se pelo modelo, pode-se adicionar até 0,4% de pólen sem que a nota de aceitação do biscoito caia de 8 (Gostei muito). As freqüências das notas de aceitação estão detalhadas no gráfico da Figura 2. Quanto à qualidade estética dos biscoitos, verifica-se que os biscoitos contendo pólen apresentam-se salpicados de pontinhos pretos, conferindo-lhe também aspecto característico (Figura 3).
Figura 1. Aceitação sensorial de biscoito sequilho em função do seu teor de pólen. |
Figura 2. Distribuição de freqüência das notas de aceitação. |
Figura 3. Aspecto dos biscoitos sequilho contendo pólen. |
CONCLUSÃO
Concluiu-se que a aceitação do biscoito cai com a adição de pólen, mas pode-se adicionar até 0,4% de pólen sem prejudicar a aceitação e ao mesmo tempo produzir um produto de sabor diferenciado, inovador e mais nutritivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DADANT e HIJUS. La colmena y La abeja melífera. Montevideo, Uruguay, Hemisferio Sur, 1975, 936 pág.
FUNARI,S.R.C. et al. Composições bromatologicas e mineral do pólen coletado por abelhas africanizadas (Apis Mellifera L.) Puerto Rico, v.11,n.2, p..88-93,2003
HAKIM, H. Le pollen - Aliment Médicamente. Faculté de Meédecine de Bordeaux, Paris, França. 37 p. 1994.
SCHAUSE, L.P. Coleta, preparo e comercialização do pólen. IN X Congresso Brasileiro de Apicultura, Pousada do Rio Quente, Goiás , Anais..., 356 p. p. 91-95, 1994.
SILVA, C.H.M. Novos fatores contribuindo para a longevidade humana. 119p. p.74-91, 1994.
SILVA, C.H.M. Pólen. IN: I Seminário Estadual de Apiterapia e Apiprofilaxia, Santa Maria,RS. Anais..., 23p. p.5, 1998.